Com a chegada do período de férias, fiz uma pequena viagem à cidade do Rio de Janeiro, cidade maravilhosa e, ultimamente, calma. Depois de elaboração, correção de provas e muita atividade pastoral e secular, fiquei sem tempo para produzir textos longos. Resolvi então publicar esse estudo que ainda está em forma embrionária - um esboço. Trata-se de um pequeno estudo teológico, nada profundo, nem tão teológico assim, apenas um rabisco.
Como dissemos em estudos anteriores, o apóstolo João, suposto autor do Evangelho que leva seu nome, escrevendo para a igreja da ala grega, visando combater as heresias do gnosticismo, pretendia mostrar Jesus como o Logos, a Palavra, o Verbo Divino. É bem verdade que a discussão não é tão simples assim, posto que outros vêem na exposição de Jesus como a Palavra uma tentativa de identificá-lo com a concepção judaica de que Ele era a Palavra criadora (Gn.1.3) que sempre estivera no seio do Pai. Todavia, sustentando o pensamento introdutório como mais provável e mais aceito, levamos adiante o estudo do Logos na cosmovisão grega e nos conceitos de aproximação da cultura judaica com o pensamento grego realizada por Filo, frisando sua eternidade e suas manifestações pré-encarnação.
O Senhor Jesus deixou claro em Jo.8.58 que ele já existia antes de Abraão, mas é em Jo. 17.5 que ele revela a consciência de sua eternidade quando exclama: "aquela glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo"(ARA) ou "aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse"(ARC). Fica claro que a anterioridade precede não apenas a existência de Abraão e tampouco a criação do homem, mas está em foco aqui a criação dos mundos (Heb.11.3). Temos em Col. 1.17 que "Ele é antes de todas as coisas" e João diz no início de seu evangelho que "todas as coisas foram feitas por ele e sem ele nada do que foi feito se fez" (Jo.1.3).
Anterior à coisa criada, posto que é Criador e Eterno, o Logos na concepção jonina e cristã, é Deus (Jo.1.1,14). Todavia, esse Deus imanente teve intensa atividade no curso da história humana, no Antigo Testamento, e manisfestou-se por diversas vezes nas formas mais variadas, seja por fenômenos da natureza, seja com aparência angelical ou em forma varonil, manifestação essa que recebeu o nome de teofania - expressão que resultou da junção de dois termos gregos theós e fania. As manifestações e aparições do Verbo de Deus antes da encarnação, ficaram conhecidas também pelo nome de Anjo do Senhor!
É obvio que nem todo anjo no Antigo Testamento pode ser chamado de o Anjo do Senhor. Uma das características marcantes do Anjo do Senhor é que Ele fala como Deus, como na sarça ardente (Êx.3), aceita adoração e tem poder para mudar os nomes, como no caso de Jacó (Gn.32). Os nomes na Bíblia estão diretamente ligados ao caráter, logo Ele tem poder para mudar o indivíduo e transformar seu caráter. Algumas Bíblias modernas já trazem Anjo do Senhor com "A" maíuscula para identificar e diferenciar os anjos comuns do Anjo especial. Vemos a manifestação desse anjo em diversas passagens da Bíblia.
Claro que o conceito de Logos para os gregos é muito mais profundo, como razão criadora, sustentadora e ordenadora do Universo, e a revelação da teofania tem muito mais beleza e riqueza teológica da essência do ser de Deus, mas já falamos sobre isso em outros posts.
Maranata. Ora vem Senhor Jesus!
Deus abençoe a todos!
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