À semelhança das demais ciências, possui a Teologia as suas fontes, sem as quais não poderia sedimentar suas declarações e artigos. Suas principais fontes são:
1. A Bíblia Sagrada
Como a ciência da única e verdadeira religião, a Teologia tem como fonte primária a Bíblia Sagrada. É na imutável Palavra de Deus que a Teologia vai buscar toda a sua autoridade. E todo o material que apresenta é extraído necessariamente da Bíblia; sua matéria-prima é a revelação divina. Ao seu jovem discípulo Timóteo, fala o apóstolo acerca da importância e da autoridade da Palavra de Deus como a fonte primária de todo o arcabouço doutrinário cristão:
“Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa obra” 2 Tm 3.16,17).
2. A Consciência
Sendo a voz secreta que o Senhor calou-nos na alma, e que está sempre a aprovar-nos ou reprovar-nos, lembrando-nos sempre de que há um Deus nos céus a quem um dia seremos chamados a prestar contas, pode a consciência ser considerada uma das fontes primárias da Teologia. Aos romanos, o apóstolo discorreu acerca da função da consciência:
“Pois não são justos diante de Deus os que só ouvem a lei; mas serão justificados os que praticam a lei (porque, quando os gentios, que não têm, fazem por natureza as coisas da lei, eles, embora não tendo lei, para si mesmos são lei. Pois mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os), no dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Cristo Jesus, segundo o meu evangelho (Rm 2.13-16).
Não há pensador que possa contradizer o apóstolo dos gentios. O filósofo alemão Immanuel Kant afirmou que a consciência é um instinto que faz com que nos julguemos à luz das leis morais. Já L. Bottach declarou mui acertadamente: “Quando o homem consulta a razão, escuta a ciência; quando consulta o sentimento, escuta a virtude; quando consulta a consciência escuta a Deus”.
A consciência, conquanto indispensável, é falha; pode ser cauterizada. Acerca da fragilidade da consciência, escreveu Jaime Balmes: “A consciência é uma âncora, não um farol; basta para evitar o naufrágio da inteligência, mas não para indicar-lhe a rota”. Por isso, carece ele de ser calibrada constantemente pelas Sagradas Escrituras.
3. Natureza
Filosoficamente a natureza pode ser definida como a força ativa que estabeleceu e preserva a ordem mundial de tudo quanto existe no Universo. Esta definição, contudo, pode fazer da natureza uma divindade em si mesma. Tem-se a impressão de que ela pensa, age, cria, preserva e intervém no Universo. Ou seja: é um ser absoluto; ao invés de criatura, criadora. A Bíblia não vê assim. Ela é apresentada como tendo sido criada por Deus e por Ele vem sendo preservada. Aos gentios que buscavam adorar mais a criatura que o Criador, advertiu o seu apóstolo:
“Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça. Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis.” (Rm 1.21-24)
O que Paulo quis deixar bem claro aos gentios era que, embora não possuíssem eles a Lei dos Profetas, poderiam, através da observação das coisas criadas, ter chegado á conclusão de que a existência do Único e Verdadeiro Deus é uma realidade. Ao invés disso, porém, resolveram divinizar a criatura, mas reconhecia ter estas muitas limitações: “A natureza humana tem perfeições pelas quais demonstra ser imagem de Deus, e defeitos pelos quais demonstra que dEle é apenas imagem…”. Sendo a natureza portadora de uma linguagem tão eloquente, é tida como uma das fontes da Teologia; Deus a utiliza para revelar-se ao homem. Todavia, é insuficiente para demonstrar todas as reivindicações do Único e Verdadeiro Deus. Faz-se necessário recorrer às Sagradas Escrituras, fonte de toda a verdade e perfeições.
4. A Experiência
A experiência religiosa é uma das mais expressivas fontes da Teologia; demonstra que é possível ao homem relacionar-se com Deus. Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, os santos porfiavam por esta experiência; seus espíritos ansiavam por Deus. Davi chegou a comparar a sua alma a uma corça perdida no deserto, e que muito sofria pelas correntes das águas (Sl 42.1). E o que dizer de Isaías ao contemplar o alto e sublime trono? Ou Jeremias a desfazer-se em lamentações pela intervenção divina? Ou Ezequiel que se entregava sem reservas aos cuidados da glória divina?
Todos os santos tiveram uma profunda e marcante experiência com Jeová, e sobre ela assentaram as bases de sua teologia. Através da experiência, concluímos; a ciência que discorre acerca de Deus e de suas relações com o Universo não é somente válida; é relevantemente transformadora. O Cristianismo não é teórico; é antes de tudo experimental. Leva-nos a entrar em contato com o Único e Verdadeiro Deus através de Jesus. É por isso mesmo que necessitamos de uma doutrina metódica e ordenada, que nos leve a conhecer sempre mais o Redentor.
Continua…
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