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quarta-feira, 9 de julho de 2025

Projeto Didásko PORTUGAL - Trecho do capítulo 11 do meu livro "Infinitamente mais...: Uma Jornada Missionária à Índia"

Fonte: Pinterest.
PROVAÇÕES E PROVISÕES

Trecho do capítulo 11 do meu livro “Infinitamente mais…: Uma Jornada Missionária à Índia”, que tem o mesmo título acima:

Nosso tempo na Índia foi assim: marcado por provações, mas também por provisões abundantes e experiências profundas com o Deus que supre. Ele é Jeová-Jireh, o Deus que provê (Gn 22.8), e sua fidelidade se confirmou em cada etapa da jornada. Como Paulo afirmou: “E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades” (Fp 4.19). Os relatos que seguem ilustram essa verdade de forma vívida, mostrando como fomos sustentados por sua graça, mesmo nas circunstâncias mais difíceis.

[…]

Deus sempre nos surpreende de formas além do que podemos imaginar, e uma dessas surpresas nos aguardava no retorno à Índia. Quando deixamos o Brasil para ir para Índia, ouvimos palavras desanimadoras: um pastor disse que iríamos para a Índia para morrer, e outro disse que iríamos nos arrebentar num campo tão desafiador. Se dependesse apenas de nossas forças, talvez isso realmente tivesse acontecido. Mas estávamos obedecendo à direção de Deus, confiando que Ele tinha planos maiores tanto para o nosso ministério quanto para a nossa família na Índia.

Apesar dos inúmeros desafios, o Senhor abençoou nosso tempo na Índia de maneira que jamais poderíamos imaginar. Uma dessas bênçãos foi a chegada do nosso segundo filho, Lucas, por quem já vínhamos orando há alguns anos. Alessandra havia feito um tratamento para ovários policísticos mais de um ano antes, mas aparentemente sem resultado. Ainda assim, continuávamos orando para que, se fosse da vontade de Deus nos dar outro filho, isso acontecesse no tempo certo. E foi exatamente assim.

Quando retornamos à Índia, ficamos alguns dias em uma pensão e depois em um hotel até encontrarmos um novo apartamento para alugar. Dessa vez, o processo foi mais tranquilo, e logo conseguimos um bom lugar para morar. No entanto, ainda no hotel, Alessandra começou a sentir fortes enjoos. Foi então que descobrimos que ela estava grávida.

Como disse o Pr. John Higgins, pastor sênior da Assembleia de Deus em Calcutá, ao apresentar o Lucas ao Senhor: “Ele foi gerado no Brasil, mas nasceu e foi apresentado na Índia”. Nesse tempo, Deus nos abençoou não apenas com a chegada do Lucas, mas também cuidou de forma admirável de toda a gestação até o seu nascimento, mostrando mais uma vez seu cuidado fiel.

Esse foi um tempo de grande alegria, mas também de certa apreensão, que culminou em uma notável demonstração do cuidado de Deus. Durante a gravidez, alguns irmãos nos ajudaram a adquirir os itens mais básicos para a chegada do Lucas, como berço, carrinho e outras necessidades.

No entanto, ainda precisávamos de cerca de 800 dólares para cobrir os custos do hospital, um valor elevado para nós naquela época. Tentamos juntar o necessário, mas nosso sustento mal cobria as despesas mais simples do dia a dia. Quando Alessandra começou a sentir contrações, precisei levá-la ao hospital, mas não tinha o valor exigido para a internação, que requeria metade do pagamento de forma antecipada.

Naquele momento, o socorro veio por meio de outro missionário brasileiro (Edmar), que morava próximo a nós e nos emprestou esse valor. No entanto, ainda seria necessário quitar a outra metade no momento da alta, além de devolver o valor emprestado. Naqueles dias, minhas orações eram mais gemidos do que palavras. E, mais uma vez, Deus nos surpreendeu.

Na véspera da alta de Alessandra, fui verificar o saldo da minha conta do Banco do Brasil e havia um depósito que cobria o valor necessário e ainda sobrava um pouco. Outras ofertas também chegaram naquele mesmo período, permitindo-nos suprir outras necessidades urgentes.

Durante todo o restante do nosso tempo na Índia, não sabíamos quem havia enviado aquela oferta generosa. Apenas mais tarde, já de volta ao Brasil, viemos a descobrir quem tinha sido o instrumento de Deus para nos abençoar naquele momento tão crucial. A provisão chegou exatamente na hora certa, como expressão concreta do cuidado fiel do Senhor.

Após retornamos ao Brasil, fui convidado para pregar em uma conferência missionária numa pequena congregação da Assembleia de Deus no bairro Cidade de Deus, no Rio de Janeiro — uma das maiores e mais violentas favelas da cidade. Ao chegarmos àquela igreja simples e modesta, fomos calorosamente recebidos por um grupo de irmãs do círculo de oração e pelo pastor local.

Havia poucos jovens na congregação; a maioria dos membros era formada por irmãs já aposentadas, mulheres piedosas que, apesar da idade, permaneciam firmes na fé e ativas na vida da igreja, sustentando a obra com orações, fidelidade e generosidade. Lembro-me de que a irmã Edilma, acompanhada da irmã Regina, aproximou-se de mim e perguntou se eu havia recebido a oferta que haviam enviado.

Procurei ser cordial e respondi que costumava receber muitas ofertas na minha conta bancária, e pedi que ela me ajudasse a lembrar, pois não tinha certeza. Presumi tratar-se de uma pequena contribuição, compatível com as limitações daquela igreja. No entanto, ao ouvir o valor, fiquei literalmente sem palavras, pois tinha sido aquela pequena congregação que enviou a oferta que pagou as despesas do hospital no nascimento do Lucas.

Perguntei como haviam conseguido reunir aquela quantia, considerando a realidade da igreja. Ela me explicou que, ao saberem da nossa necessidade, começaram a orar e buscar formas de ajudar. Realizaram bazares, almoços e outras atividades durante vários meses, até conseguirem arrecadar o valor necessário.

Até hoje, o que aquela igreja fez por nós continua a nos comover. Além disso, essa pequena congregação continuou nos apoiando financeiramente nos anos seguintes com um valor significativo, sendo, na época, um de nossos maiores mantenedores. Algumas daquelas irmãs já descansam no Senhor, mas deixaram marcas profundas em nossos corações — não apenas pelo valor da oferta, mas pelo amor, dedicação e compromisso demonstrados.

Elas nos disseram: “A nossa idade e forças não nos permitem ir ao campo missionário, mas estamos orando e contribuindo para que vocês façam a obra do Senhor”. O exemplo delas pode ter passado despercebido por muitos, mas está registrado em nossos corações, e, mais importante, no céu. Deus recompensará cada uma delas, muito além do que podemos imaginar (1 Co 15.58; Mt 6.20).

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