"E tomarão do sangue, e pô-lo-ão em ambas as ombreiras, e na verga da porta, nas casas em que o comerem."
Êx 12.7
Um dos grandes temas no episódio da Páscoa (hb. pessach, i.é, "passagem") é a questão da obediência integral a ordem.
A questão de separar o cordeiro, ok.
A questão de comê-lo, com quem e como, ok.
A questão de passar o sangue no batente da porta como sinal de que ali havia um servo de Deus, aqui precisou de um nível de crença tal a ponto de obedecer, mesmo que racionalmente não fizesse sentido.
Questões como essa permeiam várias histórias no Cânon Sagrado.
A decisão de obedecer orientou vários personagens, homens e mulheres que, diante de orientação divina, optaram por subverter a crença ou entendimento humano e ceder a orientação divina na certeza do resultado predito.
Talvez a atitude de "pintar de sangue" os portais ao senso parecesse loucura, mas vamos analisar o contexto de toda aquela orientação.
O embate entre Deus e as forças espirituais e políticas do Egito estava acirrado.
Nove juízos, ou pragas como o texto dá ideia, haviam sido consumadas e a décima estava as vésperas.
Não só a libertação física, política e cultural do povo hebreu estava em andamento.
Deus queria libertar sua mente da opressão espiritual da cultura religiosa egípcia, cultura que eles estavam imersos a mais de quatro séculos, certo é que dificilmente todos os hebreus estivessem incontaminados.
Muitos já deveriam estar em adoração aos deuses egípcios em algum grau de devoção.
Daí, também, toda exposição divina de poder para aclarar a visão turva do povo de Abraão.
O povo estava vendo desde o ressurgimento de Moisés do deserto, que Deus estava se manifestando com poder e essa é a grande distinção desse fato.
Daí é possível avaliar que na nossa visão do século XXI, o "pintar de sangue" os portais possa soar estranho, mas era uma questão de extrema devoção e respeito pelos hebreus.
Era isso ou receber o juízo e eles escolheram obedecer.
Para alguns foi por medo? Sim.
Para outros foi por fé? Sim.
O grande fim é que o plano de Deus para libertação dos hebreus contava já com o cumprimento dessa ordenança.
Deus protegeu os primogênitos dos que fielmente obedeceram, eles foram provados pela obediência à instrução.
Chega ser algo binário, sim ou não, 0 ou 1.
E deu certo, pela obediência receberam a proteção e posteriormente na história, a libertação da escravidão.
Não avançando na história, mas focando nesse momento, nessa noite tão decisiva, os hebreus virão que com Deus não há espaço para dúvida.
Ou obedecemos, ou não obedecemos.
Não existe a tentativa, ou fazemos, ou não.
Escolha obedecer e obedeça.
Sua libertação pode estar logo aí as portas.
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