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domingo, 8 de julho de 2012

LOGOS vs RHEMA


Por Pr. Paulo Henrique

Cansei de ouvir a falácia[1] do movimento da confissão positiva, sobre os termos gregos "logos" e "rhema", sendo repetida por muitos pregadores, que, infelizmente, não seguem o exemplo dos judeus de Beréia (At 17.11).

Os pregadores da confissão positiva alegam que “logos” é a palavra escrita de Deus (como a temos na Bíblia), ao passo que, “rhema” é a palavra revelada de Deus para cada indivíduo através do Espirito Santo para uma situação específica. Rhema é a “palavra” que eles usam para “decretar” ou “declarar”, com o objetivo de trazer a prosperidade ou cura. Este falso ensino se popularizou, principalmente (mas, não somente), através do livro "A quarta dimensão" de Paul (David) Yonggi Cho, onde ele escreve:

“No grego há duas palavras diferentes para "palavra": logos e rhema. O mundo foi criado pela palavra logos de Deus. Logos é a palavra geral de Deus, que se estende desde o livro do Gênesis ao Apocalipse, pois todos estes livros falam acerca de Jesus Cristo, direta ou indiretamente. Ao ler a palavra logos do Gênesis ao Apocalipse a pessoa pode receber todo o conhecimento de que necessita a respeito de Deus e de suas promessas; mas pela simples leitura a pessoa não recebe fé. A pessoa recebe conhecimento e compreensão acerca de Deus, mas não recebe fé.”[2]

Ele ainda acrescenta:

Rhema procede de logos. Logos é como o tanque de Betesda. Você pode ouvir a Palavra de Deus e pode estudar a Bíblia, mas somente quando o Espírito Santo vem e aviva uma passagem ou passagens da Escritura ao seu coração, queimando-as em sua alma e dando-lhe a conhecer como aplicá-las diretamente à sua situação específica é que logos se transforma em rhema.”[3]

Os pregadores da confissão positiva afirmam que:

"Rhema" significa uma palavra que produz fé e "logos" traz somente conhecimento.

"Rhema" é subjetiva e "logos" é objetivo.

"Rhema" é a palavra específica e "logos" é a palavra genérica.

"Rhema" é contemporâneo e "logos" é eterno.

"Rhema" é a palavra agora e "logos" é a própria Bíblia.

"Rhema" é uma palavra reveladora e "logos" é a palavra escrita.

"Rhema" contém o poder e a palavra "logos" é apenas letras pretas em papel branco.

No entanto, estas alegações são absolutamente contrárias às Escrituras. Na Septuaginta e no Novo Testamento, os termos gregos “rhema” e “logos”, são usados alternadamente. Um estudo apurado sobre o assunto demonstra que não existe nenhuma grande diferença entre estes dois vocábulos no grego original, onde, muitas vezes, eles são usados como sinônimos. O termo “rhema” significa “palavra, coisa”, enquanto “logos” apresenta uma extensa variedade de significados como: “palavra, discurso, pregação, relato, etc.”. Mas ambos os termos são concordantes.

A Septuaginta traduz tanto “logos” como “rhema” a partir da palavra hebraica “dabar”, que se significa “palavra falada ou escrita; discurso, o assunto do discurso, uma unidade mínima do discurso”. Na verdade a diferença entre “logos” e “rhema” é apenas uma questão de estilo e não, propriamente de significado.

Nos Evangelhos logos é usada, na maioria dos casos, como uma palavra falada. Desta forma, não há base bíblica para sustentar que logos deva ser interpretado como palavra escrita somente, além do que, o Novo Testamento utiliza a palavra grega “grafe” (Escrituras) para se referir especificamente à palavra escrita.

Em Atos 10.44, o apóstolo Pedro equipara “logos” a “rhema”: "Enquanto Pedro ainda dizia essas coisas [rhema], o Espírito Santo desceu sobre todos que ouviam a palavra [logos]”.

Paulo Romeiro, citando o Dr. Russel Shedd, que é uma das maiores autoridades do Novo Testamento no Brasil, faz uma importante observação:

“[...] O apóstolo Pedro não fez distinção entre estes dois termos quando escreveu 1 Pedro 1:23-25:

v. 23: pois fostes regenerados, não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra (logos) de Deus, a qual vive e é permanente. v. 24: Pois toda a carne é como a erva, e toda a sua glória como a flor da erva; seca-se a erva, e cai a sua flor; v. 25: a palavra (rhema) do Senhor, porém, permanece eternamente. Ora, esta é a palavra (rhema) que vos foi evangelizada.

Esta passagem é uma citação de Isaías 40:6-8. Na Septuaginta, a versão grega do Antigo Testamento, o termo grego para ‘palavra’, no versículo 8, é (rhema), ficando assim confirmada a despreocupação de Pedro em usar tanto um termo quanto o outro como sinônimos.”[4]

Depois de analisar as utilizações dos termos “rhema” e “logos”, fica claro que não há como sustentar biblicamente nenhuma distinção entre estes termos no Novo Testamento. Portanto, a falsa pretensão dos pregadores da confissão positiva que querem forçar uma interpretação e aplicação errônea destes termos deve ser completamente rejeitada.

Notas:
[1] Falácia é qualquer enunciado ou raciocínio falso que simula a veracidade.
[2] CHO, Paul Yonggi. A quarta dimensão. São Paulo: Editora Vida, 1980, p. 43.
[3] Idem, p. 45.
[4] ROMEIRO, Paulo. Super crentes. São Paulo: Mundo Cristão, 1993, p. 26.
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