Alcabideche (Cascais), Portugal, 15 de setembro de 2025
“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações… ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado…” (Mt 28.19-20)
Amados irmãos e companheiros na obra missionária,
Que a graça e paz de nosso Senhor Jesus Cristo vos sejam multiplicadas.
Graças a Deus, a onda de calor extremo em Portugal já passou e os grandes incêndios chegaram ao fim. Agora a temperatura está mais amena, e os dias começam a encurtar, lembrando-nos de que o inverno se aproxima. Tenho estado bastante ocupado com as atividades da igreja, as aulas do curso de teologia e também com os cursos que estou estudando, a ponto de muitas vezes desejar que o dia tivesse mais horas. Ainda assim, procuro seguir a orientação das Escrituras: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças” (Ec 9.10).
Neste mês desejo compartilhar um sentimento constante em meu coração, especialmente diante do cenário mundial. A carta está um pouco mais extensa que o habitual, mas solicito que você reflita sobre o assunto e ore a respeito.
Em meio às incertezas, crises e rápidas transformações, somos desafiados a tomar decisões que revelam onde está nossa confiança. Não se trata de opiniões passageiras, mas de convicções profundas que moldam nossa vida e testemunho. Não podemos permanecer neutros, como se fosse aceitável, pois Jesus disse: “Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens” (Mt 5.13).
Precisamos afirmar com clareza nossa fé e valores como servos de Cristo. O apóstolo Pedro nos exorta: “estai sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir, razão da esperança que há em vós” (1 Pe 3.15). Essa esperança não é ilusória, mas firmada, na verdade, do evangelho.
Vivemos dias em que os principais embates não se restringem ao campo político ou econômico, mas se concentram sobretudo nas ideias. É nesse terreno invisível que se formam valores, moldam-se comportamentos e definem-se cosmovisões. Ao longo dos anos afirmo que a grande batalha atual ocorre essencialmente nesse campo.
Essa percepção já havia sido destacada em 1980, no discurso inaugural do Billy Graham Center, quando um renomado acadêmico afirmou que a evangelização envolve duas tarefas inseparáveis: salvar a alma e salvar a mente. Ele advertiu que a igreja corre risco ao negligenciar a formação intelectual dos crentes.
Muitos jovens abandonam a fé ao ingressar na universidade por não serem preparados a desenvolver uma cosmovisão bíblica. Cosmovisão é como interpretamos a vida e a realidade. Como declarou Charles Colson, “as nossas escolhas são moldadas por aquilo que acreditamos ser real e verdadeiro, certo e errado, bom e belo. […] A base para a cosmovisão cristã, é claro, é a revelação de Deus nas Escrituras”.
O problema é que muitos evangélicos não percebem a dimensão da guerra espiritual em que estão inseridos. Enxergam questões como aborto ou ideologia de gênero somente como problemas isolados, sem notar que são sintomas de um conflito maior: o embate entre a cosmovisão cristã e visões seculares ou espirituais contrárias à fé cristã. Preparar os crentes para enfrentar tais desafios é tarefa urgente, como fizeram os Pais da Igreja ao defenderem a verdade bíblica.
O apóstolo Paulo ensina que a mente é um campo de batalha (2 Co 10.4-5). Essa guerra não é contra pessoas, mas contra ideias contrárias ao evangelho, influenciadas por espíritos enganadores (Ef 6.12; 1 Tm 4.1). Por isso, Paulo descreve a necessidade de destruir essas fortalezas espirituais inimigas e avançar com a pregação fiel e o discipulado consistente (Ef 6.19; Jo 20.31).
Concordo com William Lane Craig, que afirma: “como cristãos, estamos diante de duas tarefas na evangelização: salvar a alma e salvar a mente”. Esse também é um dos propósitos do projeto Didasko: usar todos os meios para fazer discípulos e ensiná-los a guardar tudo o que Cristo ordenou. Como disse Rick Warren: “Meu objetivo nunca foi salvar o mundo, mas certificar-me que todos no mundo saibam que existe um Salvador”.
Nossa responsabilidade é levar a Palavra até os ouvidos das pessoas, mas é o Espírito Santo quem a leva ao coração.
Por favor, orem:
Pela saúde física, emocional e espiritual de toda nossa família;
Pelos desafios espirituais de Portugal;
Pela melhoria das economias brasileira e portuguesa;
Por novos mantenedores para nos apoiarem no nosso sustento mensal;
Por sabedoria e direção de Deus para os nossos passos e planos futuros;
Para que nosso projeto seja um instrumento eficaz de pregação, ensino, discipulado e preparo de servos fiéis para a obra de Cristo.
Somos imensamente gratos a todos queridos irmãos, pastores e igrejas que têm nos apoiando na obra missionária. Que Deus continue abençoando grandemente e recompensando a fidelidade e constância de cada um dos queridos irmãos.
Com gratidão,
Pr. Paulo Henrique e família
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