* Por Rev. Marcos Agripino
Ainda assim, nada impede uma parada para refletir sobre o momento que estamos vivendo, e que desemboca em fronteiras longínquas onde estão aqueles que, no calor ou frio extremo, cumprem a missão dada por Jesus.
Hoje o dia está muito quente. O sol bate inclemente na janela e as persianas tentam, inutilmente, aplacar a força dos raios que invadem minha sala.
Meus olhos se encontram marejados, a minha alma em luta... Confio nas promessas do nosso Grande Deus, mas me sinto pressionado e com o coração invadido pelas circunstâncias. O que pensar neste momento? O que fazer?
O que vale mais? Um imóvel, um carro novo, o último smartphone, um tablete recém-lançado, uma igreja pintada, reformada, uma construção, a melhoria de um salário? Enfim, quanto vale a vida de alguém que muitas vezes não estamos vendo?
Não é incomum eu estar, diária e intensamente, em várias partes do Brasil e do mundo. A tecnologia aproxima as emoções e os desabafos daqueles que estão nos recônditos da terra. Alegrias, tristezas, incertezas e desafios. O que virá pela frente? A minha motivação aqui não é refletir sobre as questões teológicas desse tema. Escrevo, reticentemente, sem observar as exegeses dos que me acompanham nessa jornada, muitos dos quais eu poderia nominar como “críticos de plantão”.
Recebi telefonemas no fixo, no celular, chamadas por Skype, por WhatsApp, e-mails, inbox por Messenger, visitas. Em sua essência, todos eram “gritos no silêncio”. Senti-me fraco, cansado e impotente diante desses sussurros.
Neste momento em que escrevo, a reviravolta na economia brasileira chegou a patamares insuportáveis. Essa força voraz trouxe um impacto nefasto: uma diminuição em torno de 50% na entrada do sustento dos nossos missionários. De uma hora para outra, mesmo diante do desafio anual de levantar parceiros para a causa sublime de levar a mensagem mais importante que um homem pode receber, esses verdadeiros heróis não são vistos nos “Big Brothers” de nossas TVs e, agora, deparam-se com a realidade de um corte orçamentário sem precedentes na nossa história.
Sabemos, é claro, que muitos outros também estão sendo afetados. Rogo a Deus por sua benevolência para com os seus. Minha preocupação são os omissos, os que olham somente para si, os “religiosos” que não alteram o seu “modus vivendi”, mas cortam as ofertas missionárias. Preocupo-me com os desperdícios que são engolidos pelos ralos das igrejas, pelas canetadas nos cortes que afetam diretamente centenas e até milhares de vidas, de famílias inteiras! Tudo isso em detrimento de altos investimentos em estruturas físicas e domésticas, que ficarão para trás por ocasião da volta do Filho do Homem.
Vou me manter no caminho, e quero desafiar você a reler e meditar nas palavras registradas em Isaías 52.7: “Quão formosos sobre os montes são os pés do que anuncia as boas-novas, que proclama a paz, que anuncia coisas boas, que proclama a salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina!”.
Orar faz parte do caminho, investir financeiramente também.
Quanto vale um missionário para você?
* Rev. Marcos Agripino, casado, duas filhas, é missionário de base e executivo da APMT (Agência Presbiteriana de Missões Transculturais) da IPB (Igreja Presbiteriana do Brasil).
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