A VISITA À CASA DO OLEIRO
OLARIA. (18.3a) O campo de barro onde os oleiros exerciam sua arte, ficava no sul de Jerusalém, além do vale de hinom (v.2; Zc 11.13 Mt 27.10).
(18.3b) Duas rodas eram usadas ou duas pedras a superior e inferior, os oleiros usavam enquanto faziam à cerâmica. A debaixo era movimentada com os pés, feita em forma de disco para fazer girar a de cima, para o molde do barro com os dedos do oleiro.
(18.4a) quando um vaso quebrava, não ia para o lixo, mas sim amassado e voltava à roda, iniciando a obra novamente, até tomar a forma que o oleiro tinha em mente. È isso que Deus declara ter poder para fazer com Israel.
(18.6a) Na profecia anterior, foi oferecida Jerusalém para sempre, a oportunidade de evitar o juízo e a longa linhagem de reis. Estas possibilidades eram possíveis desde que houvesse uma restauração sobre as ordens de Josias. Mas Jeoaquim arruinou tudo cometendo todo tipo de pecado.
A profecia ainda oferecia misericórdia se aceita com os termos de Jeová para moldar a nação. Israel rejeitou as condições imposta por Deus mediante Jeremias, e preferiram andar segundo seu coração (v12). Em seguida a profecia da botija quebrada, dava a entender o juízo e a destruição da nação. A lição do barro das mãos do oleiro fez Jeremias entender, que nem tudo estava acabado para a nação, e apesar da desobediência, seriam quebrados e restaurados.
(18.6b) Casa de Israel, neste caso seria Judá, as dez tribos tinham sido destruídas havia mais de 100 anos e não eram mais uma nação. Alguns estavam em Judá e ajudavam a formar o único reino de Israel.
A SOBERANIA DE DEUS
Existem diversas acepções teológicas e filosóficas a respeito do conceito de soberania. Na teologia filosófica, Deus é soberano porque existe antes de todas as coisas, conhece todas as coisas e pode todas as coisas, e está também no controle de todas as coisas. Na Bíblia, o conceito de soberania divina está bastante associado àquele de um rei celestial, cujas abas das vestes enchem o tempo (Is. 6). No Salmo 48.2 o Senhor é chamado de “grande Rei, cujo reino é eterno porque “reina soberanamente para sempre” (Sl. 29.9).
A Bíblia, a Palavra de Deus, nos ensina que Deus governa sobre tudo e sobre todos (I Cr. 29.11,12). Ele não apenas governa sobre todas as coisas, também está no controle delas (Jó. 42.2; Sl. 115.3; 135.6; Dn. 4.35). A explicitação da soberania de Deus na Confissão de fé de Westminster sumariza esse pensamento afirmando que, “desde toda a eternidade, Deus, pelo muito sábio e santo conselho da sua própria vontade, ordenou livre e inalteravelmente tudo quanto acontece”. Esse conceito, no entanto, tem sido levado a extremos e dado margem à uma visão equivocada da predestinação bíblica. Alguns estudiosos, em certos momentos, exageram na concepção de soberania, em outros, na liberdade do ser humano.
Quando se fala em chamada para a salvação, a primeira palavra que nos vem à mente é ‘predestinação’, que, de fato, se encontra na Bíblia, com destaque especial para o texto de Ef. 1.5-11, onde está escrito que “E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo…”. No grego, a palavra é proordzo e aparece seis vezes no Novo Testamento com o sentido de predestinar o qual significa, literalmente, “assinalar de antemão por conhecimento prévio”. Ao longo da história, muitas teólogos se debateram a respeito dessa doutrina. Destacamos, a seguir, algumas perspectivas em relação a essa doutrina:
1) Predestinação Incondicional – delineada por Calvino, a partir de Agostinho, que a definia como “o decreto divino com referência aos seres morais – os anjos e homens”.
A Confissão de Fé de Westminster a apresenta nos seguintes termos: “Pelo decreto de Deus e para manifestação da sua glória, alguns anjos e homens – são predestinados para a vida eterna, e outros preordenados para a morte eterna”;
2) Predestinação Restrita – desenvolvida por Jacob Arminius, que, na verda
de, era um seguidor de Calvino, que se distinguia do seu mestre ao defender que em relação à predestinação ou eleição, trata-se de algo mais ocasionado por parte do livre-arbítrio humano, do que ocasionada pela soberana vontade de Deus, diferenciando-se, assim, da incondicional que ensinava que a salvação humana depende de uma “eleição absoluta e soberana” exclusiva de Deus;
3) Predestinação Condicional – sob a influência arminiana, John Wesley defendia que a “predestinação é Deus designando de antemão para a salvação os crentes obedientes, não sem conhecer antecipadamente todas as obras deles, mas ‘segundo sua presciência’ dessas obras, ‘desde a fundação do mundo’
A palavra “predestinação” se encontra na Bíblia, mas não no sentido que alguns teólogos costumam atribuir. Proodzo, conforme apontamos anteriormente, significa, em grego, “conhecer de antemão” (Rm. 8.29; 11.2; I Pe. 1.20; II Pe. 3.17), muito mais do que “destinar com antecipação”, como se encontra na maioria dos dicionários.
A predestinação para a salvação, nesse contexto, é coletiva e está baseada na presciência divina (Ef. 1.5,11). O propósito de Deus, nesse ato, e no contexto do capítulo 9 de Romanos, não é negativo, mas positivo, diferentemente do que defendem os predestinacionistas incondicionais (Rm. 9.18). Segundo esse princípio, o da predestinação coletiva, vemos que Deus, em Cristo, escolheu a igreja (Ef. 1.11-13).
Deus deseja que todos os seres humanos sejam salvos (I Tm. 2.4-6; TT. 2.11; Hb. 2.9), por isso, todas as pessoas, de algum modo têm alguma iluminação da parte de Cristo para a compreensão da revelação (Jo. 1.9; 12.32). As passagens anteriormente citadas mostram que a expiação no sangue de Cristo tem aplicação universal, pois Ele morreu por todos (II Co. 5.15), portanto, todos quantos o receberem, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus (Jo. 1.11,12).
O CRENTE E A VONTADE DE DEUS
O profeta Jeremias recebe a missão de se dirigir à casa do oleiro, onde compreendeu u pensamento de Deus sobre transformação. As tarefas do oleiro moldando o vaso foram associadas por Jeremias ao trabalho de Deus na vida humana. O profeta assistiu com muita atenção o trabalho do oleiro. Percebeu que o oleiro não conseguiu fazer uma peça de cerâmica na primeira tentativa, fracasso que pode ter ocorrido diversas vezes. Isso foi falta de cuidado ou habilidade do oleiro? Fosse qual fosse a deficiência, o oleiro perseverou, transformando o barro noutra vasilha.
Semelhantemente o Senhor trabalha em nossa vida, e não encontra nenhuma resistência a não ser humana. Assim domina o material aperfeiçoando ao propósito do seu Espírito, transformando a massa num vaso humilde ou generoso. Se a vontade humana não reage de acordo com sua vontade, trona a ser moldado. Este ensino mostra um quadro vívido da soberania divina, sem negar a liberdade humana, conforme a filosofia raciocinada. Jeremias discerne a inferência ética e espiritual.
“Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? Diz o SENHOR; eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel” (Jr 18.6). O profeta entende a ação de Deus na vida de Israel. Se uma nação procede mal, é inevitável que Jeová se arrependa do bem que lhe prometeu em seu benefício.
A mensagem é clara. O exílio, eis que o novo molde em que a nação teria de ser reformada.
“Ora, pois, fala agora aos homens de Judá e aos moradores de Jerusalém, dizendo: Assim diz o SENHOR: Eis que estou forjando mal e formo um plano contra vós outros; convertei-vos, pois, agora, cada um do seu mau proceder e emendai os vossos caminhos e as vossas ações” (Jr 18.11).
O primeiro termo desta passagem chama a atenção para o processo inicial, e o outro para o processo mais contínuo. A moldagem imposta pela vontade do Senhor é impregnada de graça desde que o espírito nacional deixe de ser rebelde e corresponda e obedeça ao que Deus dele pretenda. Instruído pelo Senhor, Jeremias avisa Judá e Jerusalém sobre a maldade que representa o espírito de teimosia. O pecado do povo é grave e trágico, até os elementos da natureza podem ser citados como seus juízes.
Bibliografia
Bíblia Dake
Bíblia de Estudo Almeida
Novo Comentário da Bíblia (Vida Nova)
Ev. Geziel Silva Costa
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