Nesses últimos anos, a greve de fome tem-se tornado uma forma de protesto bastante difundida. Decepcionadas com o mundo que as cerca, algumas pessoas declararam-se em greve de fome até que fosse corrigido determinado erro. Por causa disso, muitos cristãos estão-se tornando céticos com relação ao jejum. É biblicamente correto jejuar? O jejum é uma prática para nossos dias também? O cristão deve jejuar? O que é certo no jejum?
Muitas das pessoas mencionadas na Bíblia jejuaram. Moisés jejuou quando estava no monte Sinai (Êx 34.28). Ana jejuou quando queria ter um filho, e o pediu a Deus (1 Sm 1.7). Davi jejuou também, em diversas ocasiões (2 Sm 1.12; 12.22). Toda a nação israelita jejuava no Dia da Expiação (Lv 23.27a). E o Velho Testamento fala de muitas outras ocasiões em que se praticou o jejum.
Mas o jejum não está restrito apenas ao Velho Testamento. Jesus jejuou quando se encontrava no deserto (Mt 4.2). João Batista ensinou seus discípulos a jejuarem com frequência (Mc 2.18; Lc 5.33). E houve quem criticasse os discípulos de Jesus por não jejuarem com frequência (Mt 9.14,15; Mc 2.18,19; Lc 5.33-35).
Ana servia ao Senhor no templo, com jejuns (Lc 2.37). Paulo jejuou nos dias que se seguiram à sua conversão na estrada de Damasco (At 9.9). Cornélio jejuou, antes de ter aquela visão em Cessaréia (At 10.30). A Igreja de Antioquia jejuou antes de comissionar a Paulo e Barnabé para a primeira viagem missionária (At 13.3). Mais tarde, durante a viagem de Paulo para Roma, ele e outras pessoas que estavam naquele navio jejuaram quatorze dias (At 27.33).
Acredito que é perfeitamente bíblico conclamar os cristãos para um jejum. Isso constituiu um ato de fé; é um desafio a que se privem de uma necessidade vital, a fim de que possam orar com mais eficácia. Ester pediu ao seu povo que jejuasse (Et 4.16); o Rei Josafá também convocou um jejum (2 Cr 20.3) e Esdras também fez o mesmo (Ed 8.21).
Deus criou o homem com a necessidade inerente de ingerir alimentos para poder viver. Essas necessidade diária forçou o homem, a criatura, a confiar em Deus, o Criador, para fornecer-lhe alimento. Se não tivesse essa necessidade, facilmente se esqueceria de Deus.
Comer é muito agradável. É um dos prazeres que Deus nos concedeu. Deus disse a Adão que ele poderia comer de quase todos os frutos do jardim. Eles tinham sido criados para servir-lhes de alimento. Comer era uma parte natural da vida. Ele só não poderia comer do fruto da árvore do conhecimento.
Quando Abraão recebeu mensageiros de Deus (Gn 18.1), preparou alimentos para seus visitantes celestiais. No Oriente Médio, a refeição era um aspecto importante da hospitalidade e da comunhão.
Quando o Senhor Jesus iniciou seu ministério, seu primeiro ato público foi participar de uma festa de casamento em Caná da Galiléia (Jo 2.1-22). Certa ocasião, quando uma multidão de cinco mil homens estava faminta, Jesus poderia tê-los exortado a jejuar, falando dos benefícios espirituais que adviriam disso. Mas não o fez. Pelo contrário, providenciou alimento para eles, ilustrando, na prática, a provisão divina.
E como todo alimento que comemos é um presente que nos vem da graça de Deus, a nossa atitude, ao iniciarmos as refeições, deve ser de gratidão para com Deus. Jesus deu o exemplo disso, quando deu graças antes de comer (Jo 6.11). Na Bíblia, o jejum se acha muito associado à oração (Sl 35.13; Mt 6.5-18; 1 Co 7.5). Quando uma pessoa jejua, está-se abstendo da alimentação, que é tanto uma necessidade quanto um prazer. Essa abstinência constitui, pois, uma expressão contínua de sua oração interior. O jejum revela que nossa oração é profundamente sincera.
Um cristão já idoso afirmou certa vez que o jejum impede que pequenos luxos acabem-se tornando necessidades para nós. O jejum é um recurso pelo qual o espírito protege o corpo ´de ir-se excedendo nos alimentos. Quando uma pessoa jejua, ela tem o corpo sob controle, e assim pode realizar melhor a obra do Mestre.
Muitos crentes ainda não aprenderam a fazer distinção entre desejo e apetite. Temem jejuar, por acharem que o corpo não pode passar sem alimento. O desejo de comer resulta de nos termos habituado a comer sempre que sentimos fome.
Deus não nos diria para fazermos uma coisa que iria prejudicar nosso organismo. Quando começarmos a jejuar, sentimos realmente a dor da fome. Mas, na verdade, isso é mais como reação de uma criança mimada que quer a sobremesa antes do jantar. Não se trata de um "sinal de fome"; é um sinal de "desejo de comer". Comemos mais por causa do hábito, do que mesmo por causa da necessidade de alimentar. Portanto, jejuar um dia não irá fazer mal a ninguém.
Pb. Donizeti (Um servo do Senhor Jesus a serviço do reino de Deus).
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