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Por Paulo Henrique Pereira da Cunha
Embora muitos crentes e igrejas reconheçam a importância de missões, frequentemente acabam tratando-a como apenas mais uma atividade habitual da igreja. Muitos dizem que apoiar missões é louvável, porém escolhem não se envolver, alegando que estão ocupadas com outras atividades igualmente importantes. No entanto, é preciso repensar essa visão errônea. Missões não é apenas mais uma atividade da igreja, mas sim a sua razão de existir. A missão da igreja é uma característica fundamental da sua natureza, por refletir o caráter missionário do Deus Trino, revelado ao longo de toda a história, principalmente em Jesus Cristo (Lc 19.10).
A tarefa missionária é um chamado fundamental para todos os cristãos, e não apenas para alguns. Os cristãos têm o dever de testemunhar a mensagem de Cristo em todo o mundo (Mc 16.15), pois o evangelho é universal. Jesus instruiu seus discípulos a serem testemunhas “tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8).
Levar o evangelho até os confins da terra não é uma opção, mas é uma ordem de Jesus para sua igreja (Mt 28.19-20; Mc 16.15; At 1.8). Michael Goheen, citando Lesslie Newbigin, diz que uma “verdadeira congregação de Deus em qualquer parte do mundo é, ao mesmo tempo, parte da missão de Deus até os confins da terra. Portanto, toda igreja, por menor e mais fraca que seja, deve ter alguma participação na tarefa de levar o evangelho até os confins da terra. Toda igreja deve estar envolvida em missões estrangeiras” (GOHEEN, Michael W. A Missão da Igreja Hoje: A Bíblia, a História e as Questões Contemporâneas. Viçosa–MG: Ultimato, 2019, p. 342).
Embora o apóstolo Paulo seja merecidamente reconhecido como o maior missionário na história da igreja, é importante entendermos que a maioria do trabalho missionário foi e continua sendo realizado por cristãos anônimos (cf. At 11.20-21). Que lutam pela fé, pregam o evangelho, ensinam com fidelidade, contribuem generosamente, vivem vidas piedosas, servem a igreja de Cristo e vivem para a glória de Deus.
Esses missionários anônimos, apoiados por igrejas e irmãos que entenderam que essa é uma tarefa de todos (2 Co 11.9; Fp 1.3-5; 4.15; 3Jo 5-8), têm sido usados por Deus para estender o reino de Deus ao longo da história. A obra missionária é tarefa de toda a igreja, não simplesmente de alguns.
Cada crente é chamado por Deus para desempenhar seu papel na obra missionária através do seu testemunho, das suas orações e das suas contribuições, pois como disse Charles Spurgeon, “todo cristão aqui é um missionário ou um impostor” (SPURGEON, C. H. “A Sermon and A Reminiscence”. In The Metropolitan Tabernacle Pulpit Sermons. London: Passmore & Alabaster, 1908, p. 476).
Missões não é uma opção ou sugestão, mas um mandamento de Cristo para toda igreja. Essa obediência deve ser sincera e espontânea. Não existe obediência parcial. Ou somos obedientes, ou somos desobedientes. Como disse John Piper, “existem apenas três tipos de cristãos, quando se trata de missões mundiais: enviados zelosos, enviadores zelosos e os desobedientes”.
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Artigo escrito para o Jornal Paixão pelas Almas por ocasião do Congresso Missionário de SEMIPA em 2024.
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