Tipologia da Bíblia
Definição: Tipo (gr. typos, “golpe ou marca deixada por um golpe; padrão ou impressão) é uma representação dupla em ação em que o literal representa de modo intencional e planejado, o espiritual. O tipo é, portanto, a impressão divina da verdade espiritual sobre um elemento, pessoa ou objeto literal. Corretamente compreendida e avaliada, a tipologia oferece uma prova valiosa da inspiração divina. Na realidade, trata-se do programa redentor dos séculos, habitualmente entretecido pelo próprio Deus na trama e na urdidura das Escrituras.
Extensão: As Escrituras não são, em sua totalidade, igualmente tipológicas. Elas oferecem suas próprias indicações das passagens que permitem interpretação tipológica. Hebreus, no NT, testemunha da qualidade tipológica concentrada do Pentateuco e de Josué. Em 1 Coríntios 10.11, Paulo oferece uma base neotestamentária para a rica tipologia do Pentateuco: “Tudo isso lhes aconteceu como exemplo e foi escrito como advertência para nós, sobre quem os fins dos tempos já chegaram” (gr. tupikos, tipicamente ou como tipos). Os intérpretes modernos devem ter cautela para não ultrapassar o programa tipológico das próprias escrituras.
Propósito: A tipologia como inserção dos propósitos de Deus nas Escrituras, é um meio de fazer com que a Palavra de Deus seja relevante para todos os séculos e situações. Uma vez que Jesus Cristo é o centro constante de todas as Escrituras, sua pessoa e obra são divinamente calcadas sobre ela em tipos, símbolos e profecias.
Variedade de Tipos. (1) Pessoas típicas, tais como Caim, um tipo de homem natural, destituído de qualquer senso adequado de pecado ou de expiação (Gn 4.3; 2 Pe 2.1-22; Jd 11). Abel, em contraste, é um tipo de homem espiritual cujo sacrifício de sangue (Gn 4.4; Hb 9.22) evidencia sua culpa pelo pecado e sua confiança num substituto. Assim também, muitos outros santos do AT são tipos de algum aspecto do Messias ou de alguma fase de redenção. (2) Eventos típicos incluem o dilúvio, o êxodo, a peregrinação no deserto, a providência do maná, a serpente de bronze, a conquista de Canaã. (3) Instituições típicas incluem o ritual levítico, em que existe uma concentração de tipologias. Por exemplo, todo o ritual levítico e que cordeiros ou outros animais eram sacrificados para expiar pecados (Lv 17.11) prefigurava o Cordeiro de Deus (Jo 1.29; Hb9.28; 1 Pe 1.19). A páscoa (Lv 23) retratava Cristo, nosso Redentor (1 Co 5.6-8). (4) Ofícios típicos incluem profetas, sacerdotes e reis. Por exemplo, Moisés, como profeta, era um tipo de Cristo (Dt 18.15-18; Jo 6.14; 7.40). (5) Fatos típicos incluem a experiência de Jonas com o grande peixe, um tipo profético do sepultamento e ressurreição do Senhor (Mt 12.39).
Tipo como profecia. A tipologia tem sido considerada uma espécie de profecia. Isso é verdade, mas o conteúdo típico talvez não seja conhecido na época em que o tipo surge. Boa parte dos tipos do AT refere-se a fatos e verdades relacionados com um período que não foram revelados às testemunhas do AT (Mt 13.11-17). Pode-se afirmar que esse período, conhecido entre nós como a Era da Igreja, ainda que encoberta para os profetas do AT, foi projetada nas instituições, pessoas e objetos do AT mediante a autoria onisciente do Espírito Santo. Por esse motivo, os rituais, as instituições e as experiências do AT interessam aos santos do NT, tendo um valor instrutivo para eles. Esse fato, devidamente compreendido e avaliado, é uma prova maravilhosa da autoria divina das Escrituras, tornando-a prática e atemporal em sias instruções e relações cotidianas.
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