Por Bráulia Ribeiro
Por que será que missionários ganham tão pouco, em geral muito menos do que pastores das igrejas locais? A regra é que os "salários", ou ofertas, melhor dizendo, dadas a missionários pelas igrejas na maioria das vezes não correspondem nem a 30% do salário pagos pelas mesmas igrejas a seus pastores. Além disso, os salários dos missionários geralmente são congelados, ou seja, nunca aumentam. Não são indexados à inflação, nem à receita da igreja.
Não sei como raciocinam os defensores desses salários congelados. Tudo sobe: o salário do pastor, os gastos em geral e os dízimos que a igreja recebe, é claro. Mas talvez eles esperem que o missionário consiga de uma forma milagrosa se proteger dos aumentos...
"Os missionários recebem de muitas fontes diferentes e os pastores, só de uma", diriam alguns. É verdade. Alguns investidores com coração missionário defendem a pulverização de seu investimento em missões. Sustentam 100 missionários com 100 reais cada um em vez de dez missionários com 1.000 reais cada.
Investidores também deveriam ter chamado específico. Abraçar projetos com o coração, ajudar nas estratégias, pensar com o missionário e ajudá-lo a investir certo. A pulverização enfraquece o relacionamento investidor-missionário. E é de relacionamentos que o reino de Deus subsiste.
Outra implicação desastrosa disso é que o missionário tem de sair buscando muitas fontes para tentar completar um orçamento razoável, que lhe permita não só viver mas também realizar o projeto para o qual foi chamado. Isso significa muita humilhação, muita "porta na cara".
A suposta vantagem de se ter muitas fontes não tem nenhum motivo espiritual, vem de tristes fatos. Muitos investidores e igrejas, quando passam por algum problema financeiro, cortam o salário do missionário, que então passa a figurar como gasto supérfluo. Às vezes nem avisam ao pobre coitado lá no campo. Outras vezes as juntas denominacionais se reúnem e discutem: "Por que é que ajudamos essa fulana lá na Índia? Vamos dar prioridade ao investimento em congregações locais?"
E no mês seguinte a fulana, lá na Índia, constata que o dinheiro não chegou. Então liga para a igreja e descobre que seu nome já não está na lista dos assalariados.
A constatação de que as coisas são assim mesmo torna os missionários precavidos: "Tenho de levantar em promessas pelo menos o dobro do que preciso para que eu venha ter pelo menos uns 70%. Também os deixa inseguros em relação ao futuro e os obriga a pulverizar seus relacionamentos, suas orações e suas emoções em uma carta xerocada 155 vezes em vez de dez ou quinze cartas originais para pessoas ou grupos de apoio realmente comprometidos.
Esse comportamento imaturo da igreja tem muitas más conseqüências:
* O missionário acaba tendo de renunciar a muitos projetos que desenvolve e começa a apenas sobreviver;
* Com o encolhimento do salário de sobrevivência, a vida se torna tensa para ele, pois, além das lutas espirituais do campo, a falta de dinheiro passa a ser um peso terrível;
* Como o tempo gasto com o levantamento de finanças para realizar cada nova iniciativa é muito, ele acaba diminuindo seus sonhos e encolhendo seus projetos;
* O relacionamento missionário-igreja perde muito. Na visão da igreja, torna-se um relacionamento sanguessuga, porque o missionário está sempre pedindo. Na visão do missionário, uma relação de abuso, porque a igreja cobra muito e não dá quase nada.
Gasta-se dinheiro com tudo o que se pode imaginar e a tudo se chama de "reino". Cadeiras novas para o templo é o "reino", ar-condicionado para a igreja é "reino". Mas, se a situação torna-se complicada, missões passa rapidamente da categoria "reino" para a categoria de "gastos supérfluos". Pessoas também não são "reino". O missionário com suas necessidades pessoais, não é "reino". Sua roupa ainda não está surrada o suficiente, seu carro não precisa de conserto, ele não precisa de plano de saúde. Estamos sustentando a "obra", o "reino", ou seja, o templo, as coisas, mas não a pessoa do missionário porque ele não é reino.
Não é de se admirar que no mundo inteiro a tarefa da Grande Comissão ainda esteja por realizar! Do dinheiro da igreja, 90% é investido na própria igreja; 7% em iniciativas evangelísticas onde o evangelho já foi pregado; e apenas 3% em iniciativas missionárias para aqueles povos que nunca ouviram o evangelho. Isso é, no mínimo, insensatez. Pecamos contra Deus deixando de passar para a frente o dinheiro que Ele nos deu para este fim, deixando de aplicá-lo onde deveríamos aplicar, administrando como queremos, e não como Ele quer.
O pecado sistemático da divisão do dinheiro dentro da igreja explica por que não temos aplicado em missões os recursos para completar a Grande Comissão, por que tantos povos morrem sem Cristo e por que muitos de nós vão chegar aos céus de mãos vazias.
Extraído da Revista ULTIMATO – Março/Abril, 2002 (Matéria escrita por Bráulia Ribeiro – Nascida e criada em ambiente ateu em Belo Horizonte, MG, converteu-se em 1980 e tornou-se missionária em Porto Velho, RO, onde leciona lingüística e missiologia na Escola de Treinamento Transcultural da JOCUM)
Não sei como raciocinam os defensores desses salários congelados. Tudo sobe: o salário do pastor, os gastos em geral e os dízimos que a igreja recebe, é claro. Mas talvez eles esperem que o missionário consiga de uma forma milagrosa se proteger dos aumentos...
"Os missionários recebem de muitas fontes diferentes e os pastores, só de uma", diriam alguns. É verdade. Alguns investidores com coração missionário defendem a pulverização de seu investimento em missões. Sustentam 100 missionários com 100 reais cada um em vez de dez missionários com 1.000 reais cada.
Investidores também deveriam ter chamado específico. Abraçar projetos com o coração, ajudar nas estratégias, pensar com o missionário e ajudá-lo a investir certo. A pulverização enfraquece o relacionamento investidor-missionário. E é de relacionamentos que o reino de Deus subsiste.
Outra implicação desastrosa disso é que o missionário tem de sair buscando muitas fontes para tentar completar um orçamento razoável, que lhe permita não só viver mas também realizar o projeto para o qual foi chamado. Isso significa muita humilhação, muita "porta na cara".
A suposta vantagem de se ter muitas fontes não tem nenhum motivo espiritual, vem de tristes fatos. Muitos investidores e igrejas, quando passam por algum problema financeiro, cortam o salário do missionário, que então passa a figurar como gasto supérfluo. Às vezes nem avisam ao pobre coitado lá no campo. Outras vezes as juntas denominacionais se reúnem e discutem: "Por que é que ajudamos essa fulana lá na Índia? Vamos dar prioridade ao investimento em congregações locais?"
E no mês seguinte a fulana, lá na Índia, constata que o dinheiro não chegou. Então liga para a igreja e descobre que seu nome já não está na lista dos assalariados.
A constatação de que as coisas são assim mesmo torna os missionários precavidos: "Tenho de levantar em promessas pelo menos o dobro do que preciso para que eu venha ter pelo menos uns 70%. Também os deixa inseguros em relação ao futuro e os obriga a pulverizar seus relacionamentos, suas orações e suas emoções em uma carta xerocada 155 vezes em vez de dez ou quinze cartas originais para pessoas ou grupos de apoio realmente comprometidos.
Esse comportamento imaturo da igreja tem muitas más conseqüências:
* O missionário acaba tendo de renunciar a muitos projetos que desenvolve e começa a apenas sobreviver;
* Com o encolhimento do salário de sobrevivência, a vida se torna tensa para ele, pois, além das lutas espirituais do campo, a falta de dinheiro passa a ser um peso terrível;
* Como o tempo gasto com o levantamento de finanças para realizar cada nova iniciativa é muito, ele acaba diminuindo seus sonhos e encolhendo seus projetos;
* O relacionamento missionário-igreja perde muito. Na visão da igreja, torna-se um relacionamento sanguessuga, porque o missionário está sempre pedindo. Na visão do missionário, uma relação de abuso, porque a igreja cobra muito e não dá quase nada.
Gasta-se dinheiro com tudo o que se pode imaginar e a tudo se chama de "reino". Cadeiras novas para o templo é o "reino", ar-condicionado para a igreja é "reino". Mas, se a situação torna-se complicada, missões passa rapidamente da categoria "reino" para a categoria de "gastos supérfluos". Pessoas também não são "reino". O missionário com suas necessidades pessoais, não é "reino". Sua roupa ainda não está surrada o suficiente, seu carro não precisa de conserto, ele não precisa de plano de saúde. Estamos sustentando a "obra", o "reino", ou seja, o templo, as coisas, mas não a pessoa do missionário porque ele não é reino.
Não é de se admirar que no mundo inteiro a tarefa da Grande Comissão ainda esteja por realizar! Do dinheiro da igreja, 90% é investido na própria igreja; 7% em iniciativas evangelísticas onde o evangelho já foi pregado; e apenas 3% em iniciativas missionárias para aqueles povos que nunca ouviram o evangelho. Isso é, no mínimo, insensatez. Pecamos contra Deus deixando de passar para a frente o dinheiro que Ele nos deu para este fim, deixando de aplicá-lo onde deveríamos aplicar, administrando como queremos, e não como Ele quer.
O pecado sistemático da divisão do dinheiro dentro da igreja explica por que não temos aplicado em missões os recursos para completar a Grande Comissão, por que tantos povos morrem sem Cristo e por que muitos de nós vão chegar aos céus de mãos vazias.
Extraído da Revista ULTIMATO – Março/Abril, 2002 (Matéria escrita por Bráulia Ribeiro – Nascida e criada em ambiente ateu em Belo Horizonte, MG, converteu-se em 1980 e tornou-se missionária em Porto Velho, RO, onde leciona lingüística e missiologia na Escola de Treinamento Transcultural da JOCUM)
Enviado por Pr Paulo Henrique, SEARA Itália
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