Para iniciar esta semana, quero partilhar um devocional que escrevi nesta manhã. O texto completo está logo a seguir. Este mesmo devocional serve também como base para o conteúdo publicado no meu canal Teologia em Missões: o vídeo está disponível no:
YouTube: [https://youtube.com/playlist?list=PL7tQp8esDzquz0zNTQe2cr7J7AQGdnMgC&si=KIbqKnJX6hR_ZCV2](https://youtube.com/playlist?list=PL7tQp8esDzquz0zNTQe2cr7J7AQGdnMgC&si=KIbqKnJX6hR_ZCV2)
Áudio no Spotify: https://open.spotify.com/show/59yYW6CGbedwnYzOpvNPoD?si=4QTeCj7QRrar_k1wGTXiWg](https://open.spotify.com/show/59yYW6CGbedwnYzOpvNPoD?si=4QTeCj7QRrar_k1wGTXiWg)
Além deste, os irmãos poderão encontrar muitos outros vídeos e podcasts nas minhas plataformas. Todos os dias há um novo conteúdo preparado com carinho e propósito: segunda-feira, um devocional breve; terça, uma narrativa histórica; quarta, uma conversa e troca de ideias; quinta, uma exposição didática; sexta, uma reflexão com aplicação missionária; e sábado, uma exposição no livro dos Salmos.
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QUANDO A NOITE ESCURA DA ALMA SE TORNA MANHÃ DE ESPERANÇA
Há momentos na vida cristã onde a alma mergulha em uma escuridão tão profunda que até as promessas de Deus parecem distantes. É o que os puritanos chamavam de “a noite escura da alma”, um período em que o coração se vê cercado por confusão, medo e sensação de abandono.
Russell N. Champlin descreve essa experiência como “um tempo de temor, de dúvida ou de incerteza, que pode envolver a entrada em lugares de juízo e desespero acerca da própria existência”. Nessas horas, as orações parecem ecoar no vazio, e a fé, embora ainda viva, mostra-se frágil e hesitante.
O grande pregador Charles Spurgeon, que lutou toda a vida contra a depressão, disse: “Os homens deixam de lado seus instrumentos de júbilo quando uma pesada nuvem escurece sua alma”. Não se trata de uma simples tristeza, mas de uma prova espiritual em que o Senhor, com sabedoria e amor, conduz o crente a um deserto interior para purificar sua fé e ensiná-lo a depender inteiramente dele (1 Pe 1.6-7).
Embora Deus nunca esteja distante daqueles que nele confiam (Sl 9.10; Is 41.10), o aparente silêncio durante a noite escura torna o sofrimento ainda mais intenso. Essa escuridão, porém, não significa ausência, mas presença silenciosa e ativa (Sl 139.11-12). É o tempo em que o Senhor trabalha no secreto (Mt 6.6), lapidando o coração com instrumentos que ferem muitas vezes (Hb 12.10-11).
A dor, a angústia e o silêncio divino não são castigos, e sim meios de refinamento (Zc 13.9; 1Pe 1.6-7). Na escuridão, a fé aprende a confiar sem ver (Hb 11.1); no deserto, a alma aprende a discernir a voz suave do Espírito (1 Rs 19.12). O sofrimento, quando suportado diante de Deus, torna-se um mestre que ensina mais sobre oração, graça e amor do que mil sermões poderiam transmitir (2 Co 12.9-10).
Os santos de todas as épocas experimentaram essa noite sombria. Até o próprio Senhor Jesus, pendurado na cruz, sentiu o peso do abandono e exclamou: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46). A noite escura da alma não é estranha aos justos; é, muitas vezes, o caminho pelo qual Deus os conduz, não para destruí-los, mas para amadurecê-los. Assim como a semente precisa ser lançada à terra para germinar (Jo 12.24), a fé precisa ser provada para florescer.
Mas como sair desse estado de tristeza e inquietação? A resposta é esperar com confiança em Deus. A noite escura da alma não dura para sempre. A promessa de Deus é clara: “Ao anoitecer pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã” (Sl 30.5). Charles Spurgeon afirmou: “A espera exercita as nossas graças; a espera prova a nossa fé; portanto, espere em esperança; pois embora a promessa demore, nunca chegará tarde demais”.
A noite chegará ao fim, o pranto não durará para sempre, e a luz da graça de Deus sempre rompe o horizonte, anunciando a chegada de um novo dia. O Senhor transforma o vale árido em manancial (Sl 84.6), o deserto em jardim (Is 35.1) e o pranto em cântico de alegria (Is 61.3). Ele não somente troca a tristeza pela alegria, mas transforma a própria dor em bênção — o amargo torna-se doce, o luto se converte em dança e cada ferida passa a contar uma história de graça e fidelidade (Sl 30.11; Rm 8.28; 2Co 1.3-4).
A noite escura, portanto, é o prelúdio da manhã. O cristão pode chorar, mas não se desespera; pode tropeçar, mas não cai (2 Co 4.8-9); pode ser provado, mas jamais é abandonado (Hb 13.5). A alegria que vem do Senhor não é passageira nem superficial (Fp 4.4), mas fruto maduro de uma fé que aprendeu a confiar no escuro. Quando amanhece e a alma reconhece que Cristo esteve presente o tempo todo (Mt 28.20), a dor cede lugar à gratidão, e o silêncio, ao louvor (Sl 30.11-12).
Talvez você esteja vivendo a sua própria noite escura da alma. Se assim for, lembre-se: Deus continua presente, mesmo quando parece distante (Sl 139.7-12; Hb 13.5). Recordar a bondade e a fidelidade do Senhor no passado é o melhor remédio para a tristeza do presente e a incerteza do futuro (Lm 3.21-23; Sl 77.11-12).
A fé pode travar longa batalha contra o medo e o desânimo, mas ela sempre tem a última palavra, porque a esperança triunfa sobre o desespero (Rm 8.24-25; Hb 11.1). Como disse Elisabeth Elliot, “a fé não elimina os receios, mas sabe onde depositá-los”.
Deus recolhe cada lágrima (Sl 56.8), sustenta cada passo (Sl 37.23-24; Is 41.10) e permanece fiel, ainda que a fé vacile (2 Tm 2.13). Espere um pouco mais. A alegria vem pela manhã, e ela vem do Senhor.
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