"E havia entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus."
Jo 3.1
"Nicodemos" significa vitorioso sobre o povo; é o nome de um fariseu membro do Sinédrio, e príncipe dos judeus, que visitou Jesus, à noite (talvez por lhe ser mais conveniente), por ocasião da Páscoa, quando também o Nazareno se encontrava em Jerusalém. Registramos o advérbio talvez no período anterior, pelo fato de que se encontravam na capital da Palestina judeus de todo o mundo, e o Filho de Deus aproveitara o ensejo para falar-lhes da vida eterna; não tendo o tempo necessário para dialogar com o componente do Sinédrio durante o dia.
Nicodemos tinha a convicção de que Jesus viera da parte de Deus, conforme declarou em João 3.2: "Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele". Chegamos também à sublime conclusão de que Nicodemos não fora por conta própria manter o diálogo com o Nazareno, quando declara "sabemos", significando ele e quem o enviou, que pode ter sido um grupo de zelosos judeus que aguardavam a remissão de Israel por intermédio do Messias. Ele era o porta-voz daqueles que desejavam dirimir as suas dúvidas.
Causa estranheza a resposta de Nicodemos no versículo quatro: "Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?" No entanto, quando analisamos a sua posição de fariseu e mestre em Israel, concluímos estar ele duvidando desta transformação, comparando Jeremias 13.23: "Pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? nesse caso, vós também podereis fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal".
Jesus explicou-lhe, detalhadamente, o processo do novo nascimento, comparando-o ao fenômeno do vento: "assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai, assim é todo aquele que é nascido do Espírito".
Nicodemos deixou bem claro que se convertera ao Evangelho, mesmo pertencendo ao Sinédrio, quando interpelou em favor de Jesus, ao lhe chamarem de impostor: "Porventura condena a nossa lei um homem sem primeiro o ouvir e ter conhecimento do que faz?", Jo 7.51.
Por ocasião da morte de Jesus, enquanto os seus discípulos fugiam do compromisso de sepultarem o corpo do Mestre com medo dos judeus, Nicodemos e José de Arimatéia, enfrentando o risco de perder a própria vida, tiraram o corpo de Cristo do madeiro, ungiram-no com ungüento caríssimo e o sepultaram.
Após este ato de solidariedade e amor para com o Mestre, dizer que Nicodemos não foi salvo é mesmo que afirmar não ter o ladrão da cruz alcançado a misericórdia de Deus, quando Jesus lhe disse: "Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso". E o malfeitor nada fez de bom que merecesse a salvação. Ele só contou com a benevolência de Jesus.
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