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quarta-feira, 26 de junho de 2024

História do Cristianismo

Fonte: Pinterest.
Policarpo e o Governador

Era este o sítio onde tinham lugar os jogos e exposições sagradas; e diz-se que na ocasião de entrar na arena, uma voz como vindo do céu exclamou: “Se forte Policarpo, e porta-te como homem”.

Seja como for, um poder que não era humano susteve o homem de Deus; e quando cônsul, comovido com o seu aspecto venerável, pediu-lhe que jurasse pela alma de César, e dissesse “Fora com os ímpios!” o venerável mártir, apontando para os bancos cheios de gente repetiu com tristeza: “Fora com os ímpios”.

“Jura”, disse o governador, compadecido, “e eu te mandarei embora. Renega a Cristo”, mas Policarpo respondeu com brandura: “Tenho-O servido durante oitenta e sete anos, e nunca Ele me fez mal. Como posso eu agora blasfemar contra meu Rei e Salvador?”.

“Jura pela alma de César”, repetiu o governador, ainda inclinado à compaixão.

Policarpo respondeu: “Se julgais que hei-de jurar pela alma de César como dizeis, e fingis não saber quem eu sou, ouvi a minha livre confissão. Sou cristão, e se desejais conhecer a doutrina do cristianismo, concedei-me um dia para falar-vos, e escutai-me”.

“Persuade o povo”, disse o governador, notando com inquietação o clamor da multidão; mas Policarpo recusou-se a fazê-lo.

Tinham-lhe ensinado a honrar os poderes superiores, a sujeitar-se a eles porque eram ordenados por Deus, mas quanto ao povo que se encontrava, nada lhe apresentaria em sua defesa.

“Tenho à mão animais ferozes”, disse o governador, “lançar-te-ei a eles, se não mudares de opinião”.

“Mandai-vos vir”, disse Policarpo tranquilamente.

O velho peregrino alegrava-se com a perspectiva de se ver livre de um mundo ímpio e cheio de perseguições, e a sua tranquila intrepidez exasperou o governador, que por este motivo ameaçou-o de ser queimado; mas Policarpo respondeu: “Ameaçais-me com o fogo que arde por um momento, e depressa se apaga, mas nada sabeis da pena futura, e do fogo eterno, reservado aos ímpios”.

O governador perdeu completamente a paciência, e mandou um arauto apregoar no meio da arena: “Policarpo é cristão”.

Esta proclamação foi repetida três vezes, como era de costume, e a fúria da população chegou ao auge.

Viram no velho prisioneiro um homem que havia desprezado os seus deuses, e cujo ensino retirara o povo dos seus templos, e tornou-se geral o grito de “Lancem Policarpo aos leões”.

Continua.

KNIGHT, A. E.; ANGLIN, W.. História do Cristianismo. 3. ed. Teresópolis: Casa Editora Evangélica, 1955. 404 p.

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