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quinta-feira, 2 de março de 2023

História do Cristianismo

Martírio de Tiago, o Justo

Durante o reinado de Nero foi morto Tiago, irmão do Senhor, o qual era um dos anciãos da igreja em Jerusalém. O imperador Nero teve a responsabilidade da sua morte, porque foi um ato dos chefes dos judeus.

Encontramos Tiago em Atos 15 no Concílio de Jerusalém, e, depois, em companhia do apóstolo Paulo, em Atos 21. Ele escreveu a epístola de seu nome. Era conhecido por “Tiago, o Justo” devido à santidade da sua vida.

Josefo (Flávio), o historiador, que descreveu o sítio de Jerusalém pelo exército de Tito, o general romano, refere-se a Tiago e atribui a destruição da cidade a um juízo de Deus sobre os judeus pelo fato de terem assinado a Tiago, o justo.

O historiador da Igreja, Eusébio (de Cesareia), cita um escritor do segundo século, chamado Hegesipo, que descreve a morte de Tiago. De sua vida diz:
“Ele nunca bebeu vinho, nem bebidas alcóolicas de qualidade alguma, nem tampouco comeu carne. Só ele teve licença de entrar no santuário. Nunca vestiu roupa de lã, mas vestiu-se somente de linho. Tinha o costume de entrar no Templo sozinho e, muitas vezes, se encontrava de joelhos, intercedendo pelo pecado do povo, a ponto de seus joelhos ficarem calejados como os de um camelo, em consequência da sua constante oração a Deus.”
A narrativa desde martírio não é menos interessante. Tinha-se levantado uma disputa entre os judeus convertidos e os descrentes, a respeito de ser Jesus, ou não ser, o Messias, e pediram a Tiago que resolvesse a questão.

“Os escribas e fariseus”, diz Hegesipo, “colocaram Tiago de um lado do Templo, e exclamaram dirigindo-se a ele, ‘Ó homem justo, em cuja palavra todos nos devemos acreditar, ora, visto que o povo é levado em erro a seguir a Jesus que foi crucificado, declara-nos qual é a porta pela qual se chega a Jesus, o crucificado’”.

Ao que ele respondeu em alta voz: “Por que é que me fazem perguntas a respeito de Jesus, o Filho do homem? Ele está agora sentado nos céus, à mão direita do grande poder, e está para vir nas nuvens do céu.” E como muitos deles foram confirmados na sua fé em Jesus e se gloriaram no testemunho de Tiago, dizendo: “Hosana ao Filho de Davi”, estes mesmos sacerdotes e fariseus disseram uns para os outros: “Fizemos mal em dar lugar a este Tiago dali abaixo, para o povo ter receio de acreditar nele”.

E gritaram: “Aí! Aí! O próprio Justo está enganado”, e assim está escrito em Isaías “Vamos tirar o justo porque é ofensivo para nós; pois comerá o fruto dos seus conselhos” (Is 3.10).
“Indo, portanto, acima, lançaram abaixo o homem justo, dizendo uns para os outros: ‘Vamos apedrejar Tiago, o Justo’. E começaram a apedrejá-lo, visto não ter morrido logo que caiu no chão, mas ele, virando-se ajoelhou-se, dizendo ‘Eu te rogo, ó Senhor Deus e Pai, que lhes perdoe, porque não sabem o que fazem’.”
“Assim, pois, o estavam apedrejando, quando um dos sacerdotes dos filhos de Recab, sendo ele mesmo filho dos recabitas de quem o profeta fala, gritou dizendo: ‘Mas o que fazeis? Justo está orando por vós’. E, então, um deles que era lavandeiro bateu na cabeça do Justo com o pau com que costumava bater roupa. Deste modo ele sofreu martírio, e enterraram-no perto do Templo, no mesmo sítio onde a pedra do seu túmulo ainda hoje existe.”
Continua.

KNIGHT, A. E.; ANGLIN, W.. História do Cristianismo. 3. ed. Teresópolis: Casa Editora Evangélica, 1955. 404 p.

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