Páginas do J.A.

domingo, 3 de abril de 2016

O problema é o ser humano

"Quando um homem tomar uma mulher e se casar com ela, então será que, se não achar graça em seus olhos, por nela encontrar coisa indecente, far-lhe-á uma carta de repúdio, e lha dará na sua mão, e a despedirá da sua casa. Se ela, pois, saindo da sua casa, for e se casar com outro homem, e este também a desprezar, e lhe fizer carta de repúdio, e lha der na sua mão, e a despedir da sua casa, ou se este último homem, que a tomou para si por mulher, vier a morrer, então seu primeiro marido, que a despediu, não poderá tornar a tomá-la, para que seja sua mulher, depois que foi contaminada; pois é abominação perante o Senhor; assim não farás pecar a terra que o Senhor teu Deus te dá por herança."
Deuteronômio 24.1-4

"Disseram-lhe eles: Então, por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio, e repudiá-la? Disse-lhes ele: Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas ao princípio não foi assim. Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério."
Mateus 19.7-9

É uma temática difícil, mas plausível de explicação dentro do contexto bíblico.

Primeiro - O Contexto Histórico do Divórcio

A providência de Deus em legislar sobre a moralidade do casamento é um cuidado, um aviso sem mostrar o perigo, e que só depois de ver o perigo nos lembramos daquilo que Deus fez e seu porque. Deus fez o homem e a mulher um para o outro, no sentido que todo teria homem teria uma mulher e toda mulher um homem. Não havia poligamia no início, ela vem a surgir e acentuar-se nas ultimas gerações antes do Dilúvio. Passado o Dilúvio e o tempo, mas o desejo no coração do homem em fazer o que é mal aos olhos de Deus continuou.

O contexto da ordenança de Moisés quanto ao relacionamento conjugal é baseado em orientações de Deus para que seu povo alcance santidade e trate seu semelhante, no caso a esposa, com decência. O problema era o povo, o coração dominado pelo "mal" gerado da raiz do pecado de Adão e Eva no Éden. Os seres humanos, até hoje, querem autonomia sobre seus corpos, direitos de fazer o que quiserem relacionando-se com qualquer que lhe cause agrado. Vemos que se Deus não impusesse tais regras o povo ao entrar na terra da promessa veria os povos canaanitas e suas orgias cultuais e com elas as prostitutas cultuais, e as desejariam fazer o mesmo com seu próprio povo.

O homem nunca esteve preparado para andar sozinho terreno algum, por isso do cuidado de Deus.

Segundo - O público de Moisés

Como já é sabido, os que saíram do Egito só Josué e Calebe que entraram na terra prometida. Os murmuradores e os escravos espirituais do Egito pereceram pelas areis e pedras do deserto. Deus concedeu uma nova geração para entrar com Josué e Calebe na terra. Contudo, esse novo povo cresceu aprendendo as lições de seus pais murmuradores e maus.

Deus conhece o coração do homem e não há esconderijo para os olhos de Deus. Os ouvintes de Moisés podiam até engana-lo, mas não enganavam Deus. Deus foi objetivo.

Terceiro - O contexto dos dias de Jesus

Jesus entra na região da Peréia, em direção a Jerusalém, onde hoje se situa a Jordânia. Nesta época esta terra fazia parte da tetrarquia de Herodes Antipas, ficava ao leste do rio Jordão, estendendo-se do mar da Galiléia até próximo ao Mar Morto.

Mateus apresenta o evangelho de Jesus ao judeus e procurar respeitar as questões de reverência dos judeus quanto a pessoa de Deus. Nesta época havia duas escolas rabínicas com ensinos diferentes quanto a questão do divórcio: A escola Hillel, que permitia o marido repudiar (rejeitar, mandar embora, abandonar, divorciar), sua esposa por qualquer motivo que o desgostasse, até mesmo pelo sabor ou preparo de uma refeição. A escola Shammai, a qual pregava que o único motivo suficiente para um homem divorciar-se de sua esposa era a infidelidade conjugal comprovada.

O contexto dos dias de Jesus era muito delicado também e ainda existiam os doutores da Lei que procuravam desmoralizar e incriminar Jesus a respeito da Lei. E o divórcio já era naquela época uma questão de divisão entre os judeus em suas grandes correntes de pensamento.

Jesus inicia a defesa da inspiração divina dos escritos do Gênesis fixando que o propósito divino na criação é de que marido e esposa se unam de forma a se tornarem a mesma carne, sendo os corpos (o sangue) o meio para a unidade indissolúvel do parentesco e comunhão, fazendo, assim, do casamento, a mais profunda forma de unidade física e espiritual.

O problema então não estava na Lei, nas palavras de Moisés, mas no ser humano. Não havia erros naquilo que Deus havia feito.

E não esquecendo que para os doutores da Lei, o intuito não era aprender de Jesus, mas prender a Jesus por blasfemar contra a lei por isso tanta instância em "saber" da posição de Jesus.

Quarto - O divórcio

É uma situação em que não há culpa no ato de casar, mas na administração da fidelidade tanto do marido quanto da esposa. A sociedade judaica tem a primazia velada ao homem desde o princípio, e aponta somente o erro da mulher. Contudo a manutenção do matrimônio deve ser feita com amor e vigilância por ambos.

Amor para sustentar o respeito e a fidelidade nos momentos difíceis.

Vigilância para reconhecer os momentos difíceis e não ser tragados por eles.

Conclusão

Não é a instituição que é falha, mas seus usuários. A união criada por Deus entre homem e mulher tem correspondência perfeita em anatomia, responsabilidade para com a prole, bênção sobre "o lar" e não "os lares".

Somos nós que continuamos com os nossos corações duros pelo pecado edênico e queremos justificar nossos erros e escolhas erradas na instituição que forma a base da sociedade - a família.

Nenhum comentário:

Postar um comentário