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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
Mais Bíblia e menos conjecturas
Por Pr. Paulo Henrique
A tarefa da hermenêutica busca entender o significado original (pretendido pelo autor) para, a partir daí, contextualizar o significado para a igreja de hoje. O significado original determinará o significado atual (o que significa para nós hoje) e nunca o inverso.
Infelizmente parece que virou moda entre os pregadores da atualidade o abuso das conjecturas, talvez influenciados pelo modismo de alguns “pregadores famosos”.
O que significa conjectura? Conjectura, segundo o dicionário Michaelis, significa “juízo ou opinião com fundamento incerto; suposição, hipótese”.
Todo o texto bíblico tem o seu significado original, ou seja, aquilo que o escritor realmente quer dizer, e nenhuma conjectura deve mudar ou contrariar isso.
Muitas mensagens pregadas por alguns “pregadores famosos” poderiam corretamente ser rotuladas de estórias ou contos, mas menos de mensagens bíblicas, visto que ao abusarem das conjecturas acabam por diluir (dissolver) quase todo sentido literal (significado original) do texto bíblico, chegando a dizer e a afirmar aquilo que a Bíblia na verdade não diz. Amordaçam o texto bíblico, dando um sentido diferente e espúrio (falso) ao texto bíblico. Fazem isto com uma maestria que conseguem iludir a muitos incautos (ingênuos) e arregimentam um grande número de seguidores.
Muitas vezes, as conjecturas têm sido usadas como desculpa para ir além do que está escrito, apesar da recomendação bíblica que nos alerta para não o fazermos (1Co 4.6). Reconheço que existem textos onde podemos utilizar das conjecturas (mas, nunca abusar) para dar nossa opinião sobre algo ou algum acontecimento, mas esta conjectura não pode contradizer o sentido original pretendido pelo autor.
Alguns “pregadores” são especialistas em manipular textos, principalmente com a intenção de literalmente tirar dinheiro do povo. Certa vez, tive a infelicidade de ouvir um pregador manipular descaradamente o texto de 1Re 18.41-45, que fala sobre Elias orando por chuva, após o confronto com os profetas de Baal. Ele disse que Elias ofereceu o melhor (a água que estava escassa) durante o sacrifício a Deus, durante o confronto com os profetas de Baal e, segundo ele disse com tanta certeza, foi essa água que evaporou e formou a pequena nuvem “que se levanta do mar [...] do tamanho da mão dum homem” (v.44), trazendo uma abundante chuva. A conclusão dele foi que a oferta (do melhor) foi a causa da chuva e, se alguém quisesse uma abundante chuva (de bênçãos) deveriam ofertar com o melhor. É claro, que o significado original do texto e tão pouco sua contextualização (o que significa para nós hoje) não diz nada disso. O texto, de maneira clara, afirma que a chuva veio como resposta à oração de Elias (vv. 42-44). Uma das regras da hermenêutica é que “um texto não pode significar aquilo que nunca poderia ter significado para seu autor ou seus leitores”. Ou seja, o significado atual (a contextualização para a igreja de hoje) não pode contradizer o significado original que o autor quis comunicar aos seus leitores.
É imperativo que nossas pregações tenham menos conjecturas e mais Bíblia, menos opiniões com fundamentos incertos e mais exegese bíblica.
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