JÓ, NEGANDO A VIDA DA ALMA“Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza”. (Jô 42:5-6)
Há certos sofrimentos pelos quais passamos, que são provenientes de nossos pecados ou falhas. Mas há um tipo de sofrimento que não está relacionado com nossas ações, mas com o que somos. Esse tipo de sofrimento visa purificar-nos e pode ser mais bem entendido por meio da experiência de Jô.
Jô que era um homem irrepreensível a ponto de ser elogiado por Deus: “Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal” (1:8b). Apesar disso, o Senhor permitiu que ele sofresse muito. Todos os seus bens, terras e rebanhos – foram saqueados e queimados, seus filhos foram mortos (13-19) e, por fim, ele adoeceu, intensificando-se seu sofrimento (2:7). Apareceram úlceras em todo o seu corpo que coçavam cada vez mais, a ponto de ele pegar um caco para raspar-se (v.8).
Os amigos de Jô se achegaram a ele dizendo que todo aquele sofrimento lhe sobrevinha por ter feito algo errado. Jô, entretanto, respondia reafirmando sua integridade.
Jô não sofreu por ter ofendido a Deus, por desobedecer-Lhe ou por ter feito algo errado, mas porque ainda tinha muito de sua vida natural e Deus queria trabalhar nele.
Por fim, Deus encontrou-Se pessoalmente com Jô e mostrou-lhe a necessidade de seu sofrimento, ao que Jô concluiu: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza” (Jô 42:5-6). Era como se Jô tivesse dito: “O tempo todo em que eu fiquei me justificando, dizendo que não tinha erros era o meu orgulho e vanglória. Agora eu Te vejo, ó Senhor, e também vejo minhas impurezas, por isso me arrependo”.
Na verdade, Deus nos ama e, como um pai que disciplina seus filhos, Ele permite que nos advenham tais sofrimentos para reconhecermos quão terrível é a nossa vida da alma. A única saída que temos é negá-la, pois, mesmo que não façamos nada de errado, se a mantivermos íntegra, Deus não tem como dispensar-nos mais de Sua vida.
Na experiência inicial de Jô, era como se ele tivesse ganho a “luz do primeiro dia”, conhecendo o Senhor apenas de ouvir falar. Contudo, depois de ter passado por todo aquele sofrimento – imerecido aos seus próprios olhos –, ao ser iluminado por Suas palavras, os seus olhos O viram e, assim, ele se encontrou com o próprio Deus. Jó se arrependeu completamente do que era, reconhecendo que o que fizera anteriormente provinha de sua vida da alma. Podemos dizer que ele foi iluminado pela luz do Senhor.
Algo semelhante encontramos na experiência de Pedro. Ele experimentos, pouco a pouco, esse processo de ser iluminado pelas palavras do Senhor e percebeu que sua vida da alma o impedia de amar o Senhor suficientemente.
De experiência em experiência, o apóstolo Pedro foi se conscientizando de quão danosa era sua vida da alma para o propósito de Deus. Ele, entretanto, foi sendo transformado pouco a pouco, até atingir a maturidade completa.
Ao escrever sua primeira epístola, já maduro, ele disse para não estranharmos o fogo ardente, os sofrimentos que surgem em nosso meio, destinado a provar-nos, uma vez que esse fogo não decorre de nossas falhas, mas é necessário para obter o fim da nossa fé: a salvação da nossa alma, a qual redundará “em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo” (1Pe 4:12; 1:7, 9).
Mediante isso, nossa oração deve ser: “Senhor, agora entendo o motivo do meu sofrimento. Mostraste quem sou eu e quão terrível é minha vida natural. Senhor Jesus, obrigado por me iluminar. Eu decido agora arrepender-me e colocar minha vida da alma para ser queimada no fogo purificador do Espírito, que está no meu espírito. Amém!”.
"Este povo me honra com os lábios mas o coração esta longe de mim. Em vão me adoram, ensinando doutrinas que sao preceitos de homens." Mt.15.8.9
ResponderExcluirMuito bom. Realmente, as vezes não fazemos nada de tão terrível, mas sofremos porque precisamos amadurecer, negar a alma e viver no Espírito. Obrigada pelas palavras, me consolaram!
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