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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A LEI DA SEMEADURA


Ouvi de um grande pregador da palavra de Deus em nosso país, algo que me tirou o sono. Primeiro pela admiração que tenho por ele, em interpretar corretamente a palavra de Deus segunda as leis da hermenêutica. Mas no tocante a lei da semeadura, em especial o assunto que ele abordou, quero discordar aqui neste texto, uma vez que sua interpretação deixa a desejar.

Devemos ofertar dizimar, contribuir em todos os trabalhos da igreja em busca da retribuição? Segundo alguns pregadores como este que me refiro, devemos semear para colher. Se semearmos uma oferta parca, colheremos algo insignificante. Se, contudo semearmos com abundância colheremos com fartura.

A lei da semeadura é semelhante a uma colheita de uma lavoura? Muitos estão seguindo o conselho de Glória Copeland, diz ela: Se você der $ 1 por amor ao Evangelho, $ 100 já serão seus; Se der $ 10, receberá $ 1, 000; dando $ 1, 000 receberá $ 10, 000. Eu sei que você sabe multiplicar, mas quero que veja esse fato preto no branco... Dê um avião e receberá cem vezes o valor do avião. Dê um carro e terá de retorno, carros para a vida toda. Em resumo, Marcos 10.30 é um ótimo negócio.” (Escapando da sedução Dave Hunt). Isso é a lei da semeadura?
Poderíamos dizer então que descobrimos a Chave Mestra das Riquezas, como disse Napoleon Hill. É só vir para a igreja, e começarmos a semear, que dentro de pouco tempo, seremos milionários. Não será por isso que temos pessoas sem caráter, sem integridade, sem uma vida nova transformada na igreja, porque não estão buscando Jesus, mas as riquezas?

GÁLATAS 6.2-10

O texto, mas usado pelos defensores da Lei da Semeadura, é Gálatas. Mas será que Paulo quis dizer exatamente isso? A retribuição em dobro dos bens materiais que ofertamos? Vejamos o contexto de Gálatas 6. Paulo adverte-nos a levarmos a carga uns dos outros, “Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo”. E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos se não houvermos desfalecido”, (Gl 6.2,9) não devemos nos cansar de fazer o bem, devemos repartir os bens etc.

A semeadura aqui neste texto é em dois terrenos. “Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna” (v8). A prática das relações interpessoais cotidianas dos crentes se processa segunda a lei da semeadura. No terreno do Espírito plantamos coisas boas, e do Espírito colheremos vida eterna, algo espiritual, como a firmou Jesus em Mt 6.14. Os cristãos serão levados ao Tribunal de Cristo onde receberão o que tiverem feito de bem ou de mal (2Co 5.10).

A palavra carne tem diversos significado na Bíblia. Em gálatas, em relação à semeadura, representa a natureza humana decaída com todas as suas paixões. Mesmo nascidos de novo, temos resquícios dessa natureza, que precisa ser subjugada pelo Espírito. Se plantarmos no terreno da carne, logicamente faremos uma colheita de ruína espiritual e morte.

Se semearmos no terreno da carne, cultivaremos maus pensamentos, idéias pecaminosas, tudo e um pouco mais do que está relacionado em Gl 518-19, os resultados em nossa vida será nefasto. Nunca colheremos vitória espiritual como a santidade, vida cristã abundante, crescimento espiritual, Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna “(v8).

CREIO NAS BENÇÃOS DE DEUS

Deus abençoa tanto espiritual como materialmente, aos que ajudam os necessitados, como também sua obra aqui na terra. “Ele aumenta os bens materiais para que também melhoremos as condições para ajudar os necessitados.” Ao SENHOR empresta o que se compadece do pobre, ele lhe pagará o seu benefício” (Pv 19.17). Temos promessas de Deus de uma vida abençoada, mas não se aplica a lei da semeadura distorcidamente como querem estes propagadores da falsa prosperidade.

Digo falsa, porque só eles, os divulgadores, propagadores, pregadores, pastores, líderes e simpatizantes do movimento, é que se tornam ricos e milionários. Os fiéis continuam no infortúnio. A fé cristã está fundamentada nos dois princípios do grande mandamento. ”Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes” (Mc 12.30,31).

Quem ama a Deus acima de todas as coisas, ama sua obra, seu reino, a igreja como Organismo e como Organização. Amamos a igreja como uma organização, por isso dizimamos, ofertamos, contribuímos com missões sem pretensão de recebermos nada em troca. “Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita” (Mt 6,3). Nunca devemos contribuir com a intenção de sermos milionários, mas deixemos Deus nos retribuir a seu tempo e segundo a sua vontade, se ele quiser, pois ele é soberano.

Ajudar o próximo é o segundo mandamento. Jesus assegurou que: Quem ajuda o necessitado não deixará de receber o seu galardão. “E qualquer que tiver dado só que seja um copo de água fria a um destes pequenos, em nome de discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão” (Mt 10.42). “Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber” (At 10,35).

A BÍBLIA ENSINA

Ao invés de ensinar o povo a ser fiel a Deus independente das condições financeiras, servir a Deus de uma maneira incondicional, como Jó, estão ensinado o povo a determinar a sua benção. A plantar dinheiro nas contas bancários com a promessa das bênçãos quadruplicadas. Precisamos conhecer a Bíblia para nãos sermos levados por uma interpretação trivial do texto bíblico. Não adianta forçar a hermenêutica para colocar na Bíblia o que ela não diz isto é forçar é torcer o texto.

Toda a Bíblia está em c conformidade com ela mesma. “Duas cousas te pedi: Não me dês nem a pobreza nem a riqueza: mantém-me do pão da minha porção acostumada; Para que {porventura} de farto {te} não negue, e diga: Quem {é} o Senhor? ou que, empobrecendo, não venha a furtar, e lance mão do nome de Deus” (Pv 30.7-9). Agora veja as palavras de Jesus nos ensinado a pedir, não determinar e decretar as bênçãos, pois só o Senhor determina, pois ele é soberano. “O pão nosso de cada dia nos dá hoje” (Mt 6.11).


Geziel Silva Costa

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