DESCENDENTES DE CAM, NETO DE NOÉ - Os habitantes de Canaã estão referenciados como os descendentes de Cam, netos de Noé. Os filhos de Cam são: Cuxe, Mizraim, Pute e Canaã. Canaã gerou Sidom, seu primogênito, e a Hete e os jebuseus, os amorreus, os girgaseus, os heveus, os arqueus, os sineus, os arvadeus, os zamareus e os hamateus (Gn 10.15-18). Esses povos aparentados com os israelitas estavam estabelecidos em Canaã juntamente com os filisteus e os caftorins, formando pequenos reinos organizados. A Bíblia determina o termo dos cananeus: “... foi desde Sidom, indo para Gerar, até Gaza, indo para Sodoma, Gomorra, Admá e Zeboim, até Lasa” (Gn 10.19).
OS CANANEUS - Cananeu. Nome que se dá aos habitantes de Canaã. Eram descendentes de Canaã, filho de Cam, filho de Noé (Gn 10.6). De conformidade com a designação geográfica, a palavra Canaã emprega-se em dois sentidos, um mais lato e outro mais restrito. No sentido restrito, a palavra designa o povo residente na costa e nos vales. As planícies que ficam entre a praia do Mediterrâneo e a base dos montes de Benjamim, de Judá e de Efraim, a planície da Filístia do sul e de Sarom, entre Jafa e Carmelo, a grande planície de Esdrelom, junto a baía de Aça, a planície da Fenícia, que abrangia Tiro, Sidom e todas as outras cidades daquela nação, e finalmente o vale do Jordão, que se estendia desde o lago de Genesaré até o sul do mar Morto, entre 190 Km de comprimento por 13 a 22 Km de largura.
OS HETEUS - Heteus. Nome de um povo conhecido também pela designação de filhos de Hete. Ocuparam duranta alguns séculos a região que se estende desde o norte da Palestina até o Eufrates. Entre as suas cidades, contava-se Cades, sobre o Orontes, Hamate e Carquemis (Js 1.4; 1 Re 10.29). Os heteus eram um povo de pele amarela, estando suas feições mongólicas fielmente reproduzidas nos seus próprios monumentos e nos do Egito. Os seus olhos eram escuros, e tinham cabelo preto.
OS AMORREUS - Amorreus. Povo semita oriental que tinha a estrutura social tribal, como o antigo Israel, e estabeleceu-se ao longo do chamado Crescente Fértil na época patriarcal. A terra que Deus prometeu a Abraão e seus descendentes era conhecida na antiguidade como terra dos amorreus, situada no lado ocidental do mar Morto: “Assim, Israel habitou na terra dos amorreus” (Nm 21.31).
OS FEREZEUS (PERIZEUS) - Descendentes de Canaã, filho de Cam, que aparecem comumente ligados aos cananeus. Espalharam-se por toda a terra de Canaã. Na contenda que tiveram os pastores de Abraão com os pastores de Ló, os ferezeus já se encontravam em parceria com os cananeus (Gn 13.7). Josué se defrontou com eles nas abas do monte Carmelo (Js 17.15) e também nos territórios ocupados por Judá (Jz 1.4-5). Na época dos Juízes (século XII-XI a.C.), os ferezeus compunham com os cananeus um mesmo exército, parece que também uma fortaleza, Bezeq e um mesmo líder senhorial, Adoni Bezeq (Jz 1.4-5).
OS HEVEUS - Como os outros povos, estes também eram descendentes de Canaã, filho de Cam (Gn 10.17; 2 Cr 1.15). Formavam diversas comunidades, uma delas ocupava Siquém, outro grupo habitou em Gibeão e suas vizinhanças. Habitavam as montanhas do Líbano próximo ao monte Hermom até a entrada de Hamate (Jz 3.3). Foi com este povo que os filhos de Jacó se indignaram por causa de sua irmã Diná, que fora deflorada; como consequência, passaram a fio da espada a cidade inteira (Gn 34). Na época da conquista, eles usaram de estratagema, se fingiram de embaixadores de um país distante (Js 9.4); ao serem descobertos, foram reduzidos a escravos rachadores de lenha e tiradores de água para a casa de Deus.
OS GIRGASEUS - Era uma das tribos que ocupavam a terra de Canaã. O território dos girgaseus ficava ao ocidente do rio Jordão. Eram conhecidos na antiguidade pelo seu profundo rancor para com os outros povos. Dados bíblicos nos informam que este povo resistiu terrivelmente a Josué e suas tropas na conquista de Canaã, entretanto foram vencidos pelo exército de Israel (Dt 7.1; Js 3.10).
OS JEBUSEUS - Jebuseus. São descendentes de Jebus, filho de Canaã, os quais colonizaram a região em volta de Jerusalém (Gn 10.16). Não se sabe se foram eles os primitivos habitantes ou se substituíram outro povo mais antigo. A primeira referência aos jebuseus foi feita pelos espias, quarenta anos antes dos israelitas entrarem na terra prometida. Quando averiguaram a terra, encontraram lá os “amalequitas que habitavam a terra de Neguebe; os heteus, os jebuseus e os amorreus habitavam na montanha; os cananeus habitavam ao pé do mar e pela ribeira do Jordão” (Js 13.29). Eles constituíam uma forte e vigorosa tribo, sendo prova disso o fato de conservarem seu poder na forte cidadela de Jebus até ao tempo de Davi (2 Sm 5.6). O seu rei Adoni-Zedoque foi morto na batalha de Bete-Horom (Js 10.1,5,26). A própria fortaleza de Jebus foi saqueada pelos homens de Judá (1 Cr 11.5). Todavia, estes contínuos desastres não puderam pô-los fora de seu território, visto como os achamos numa época posterior habitando ainda as terras de Judá e Benjamim (Js 15.8,63; Ed 9.1).
OS FILISTEUS - Filisteus. Na Bíblia, um dos mais proeminentes inimigos de Israel foram os filisteus. Por volta do século XIII chegaram à Palestina sucessivas vagas de imigrantes ou invasores vindos do norte e do noroeste, das ilhas ou do lado Mediterrâneo. Os historiadores costumam designá-los com a expressão “Povos do Mar”. Esses povos parecem ter-se fixado sobretudo ao longo da costa. Os mais conhecidos entre eles são os filisteus, que se fixaram no sudoeste, na costa do Neguebe e Sefalá (Vale de Sarom). Aí fundaram vários pequenos reinos: Gaza, Asdobe, Asquelom, Gate e Ecrom (Js 13.3). O território ocupado pelos filisteus era chamado de Filístia, de onde deriva o nome Palestina, que vai do sul do monte Carmelo até o sul da Palestina na direção do Egito. Belicosos, eram guerreiros valentes e perigosos. Não deve ter sido por acaso que o seu nome foi dado a toda região conhecida posteriormente por Palestina, isto é, terra dos filisteus.
OS MOABITAS - Os moabitas são descendentes de Ló, sobrinho de Abraão com sua filha primogênita. Estabeleceram-se na Transjordânia, território entre o Mar Morto e o deserto da Arábia, anteriormente ocupada pelos emins, conhecidos também como refains ou enaquins (Dt 21.10-11). Muitas vezes faziam incursões predatórias em Israel; “em bandos costumavam invadir a terra, à entrada do ano” (2 Rs 13.20). Combatidos por Juízes e por Saul, foram definitivamente vencidos por Davi. Tinham religião politeísta e um regime monárquico. Seus deuses principais eram Quemos, Atar e Baal-Peor. Inscrições encontradas coincidem com os da Bíblia e mostram que Quemos era o deus de Moabe.
OS AMONITAS - Os amonitas descendem de Amon. Assim como os moabitas, os amonitas são fruto do relacionamento incestuoso de Ló com uma de suas filhas, nesse caso a mais nova (Gn 19.38). Era uma tribo aramaica estabelecida perto do curso superior do rio Jaboque, além do lago de Tiberíades, num território que pertencia antes aos refaítas, chamados também de zamzumins (Dt 2.20). Tinham regime monárquico. A capital do reino era Rabat-Amon, hoje Amã, capital da Jordânia. Esse povo associou-se aos moabitas para subornarem o profeta Balaão, que devia amaldiçoar os israelitas, e por isso foram juntamente com os moabitas proibidos de entrar na congregação do Senhor até a décima geração (Dt 23.3-6). Auxiliaram a Eglom, rei de Moabe, a subjugar uma parte do povo de Israel (Jz 3.12-14). No tempo do juiz Jefté, tornaram a oprimir os israelitas que habitavam ao oriente do Jordão (Jz 10.6,9,18). Na época dos juízes tiveram muitos conflitos com Israel (Jz 3.13; 10.7,9, 17; 11.4,32). Mais tarde foram derrotados por Saul e dominados por Davi (2 Sm 10.14). Há indícios da existência desse povo no segundo século da era cristã.
OS REFAINS - Também conhecidos como anaquins e emins (Js 11.21 e Dt 2.10-11). Parecem não possuir qualquer parentesco com os cananeus. Habitavam algumas regiões de ambos os lados do Jordão e de Hebrom. Pertencendo a uma raça aborígene de gigantes (Dt 2.10). A leste do mar da Galiléia, na região de Basã, os israelitas, ainda sob o comando de Moisés, derrotou Ogue, o rei de Basã que era um remanescente dos gigantes, cuja cama de ferro media nove côvados de cumprimento e quatro de largura (Dt 3.11), ou seja, aproximadamente 4m por 1,80m.